Foi em choque,e num sentimento de perfundo inconformismo,que ouvi suar a notícia pelo Mercado da Figueira,de que o meu amigo de infância,Salvador Duarte Silva,chegou aos 49 anos de idade e abalou para "o lado de lá da vida".
Filho do Eng.Duarte Silva,de quem herdou uma dimensão humana baseada numa grandeza de valores tão simples quanto eficazes na aproximação ao próximo,desde sempre e em tudo se encostou de forma ampla à imagem certificada pelo seu progenitor,seguindo os seus passos,copiando os seus exemplos,e caminhando lado a lado com tudo aquilo em que acreditou,porque o sentia numa enfase genuína que tem a ver com um ADN,que nunca poderia esquecer a origem humilde de uma história que queria continuar a levar em frente.
Lembrar agora o Salvador,era fácil por entre tantas incidências vividas entre as Abadias e a Quinta,onde pobres e ricos eram todos iguais,e se divertiam a perseguir o sonho,acabando estoirados em cada dia,mas felizes nos cruzamentos que os premiavam.
Esquecer,não o vou conseguir de certeza,foi daquele dia mais recente,em que depois de muito anos sem nos vermos,ele entrou no Café Brasil,na Praça Velha,e quando se deparou comigo sentado numa das mesas,nem tempo me deu para qualquer reação,sonorizando um gesto de um apego sentido,e abrindo os braços afáveis para com quem se reencontrava à luz de um passado gratificante.
Aquele Salvador,era o mesmo de sempre,muito humano,e fiel a si mesmo,não escondendo emoções e privilegiando um sentido de justiça encaminhado pelo coração.
Depois deste breve cruzamento de amigos de juventude,nunca mais nos vimos,e nem sabia por onde ele alicerçava e espalhava os seus méritos quer profissionais,quer humanos,sendo que no arrepio desta notícia tão triste,acabou por sobrar em informações que ampliaram mais ainda uma dor alargada à sua família mais próxima,que agora passa momentos tão difíceis de viver.
Tentei indagar o conhecimento através das tecnologias que hoje nos aproximam dos amigos,e ainda que não fosse a tempo de lhe pedir essa correspondência,foi tocante ver certas atitudes nas suas postagens,que certificam muito do que penso e sempre pensarei dele,enquanto o ser verdadeiro que acredito nunca tenha mudado.
Referindo-se e em conversa com um amigo,salientava valores no recordar e ter sempre presente o seu Pai:
"...fonix...esta fotografia foi tirada salvo erro no Verão de 2011...o fatinho da Victoria tipo Princesa Barbie estava num baú e o fato que eu trago era do meu Pai = Ted Lapidus de veludo e estava (e ainda está...) novinho em folha ...cotlé a estrear...e tenho um grenã da mesma marca...eheheh..."
Agora,está mais perto dele,traído da mesma forma,e no mesmo jeito inexplicável com que a vida nos surpreende sem dó nem piedade,deixando o mundo dos vivos,mas com toda a certeza sem que nunca mais se apague tudo aquilo que o fez ter amigos,que também nunca mais o esquecerão.
Grande Abraço de solidariedade ao Gonçalo e ao António,e a toda a sua Família,que agora repete um desígnio por de mais difícil de aceitar.