Em extremos de emoções distintas,e de forma discreta e silenciosa,aliás como era seu apanágio inato,abalou deste mundo o Senhor Carlos,o contínuo da Naval 1º de Maio da Figueira da Foz.
Ontem arrepiei-me com a partida de um jovem de 15 anos,hoje deparei-me na confirmação de um rumor,com o fim da história de um homem com "84 valorosas páginas" para desfolhar.
Voando nas Asas do Tempo,ambicionará sempre a ser um degrau,para puxar quem justifique as diferenças que muitas vezes não são atendidas para com quem as merece,e se por mim sempre preferi as homenagens em vida,já enquanto convivi com o contínuo da Naval,para além de o respeitar,defendi-o sempre pelo seu amor verdadeiro ao clube do coração,percebendo e admirando a sua postura humilde e contida,perante quem o envolvia,por ser fruto da sua alma,e da educação que transbordava no seu ser.
O Senhor Carlos,era um homem de silêncios pontuais,pacato,dono de sorrisos inadvertidos,e capaz em quase tudo o que lhe pediam,mesmo até que não concordasse,escondendo o que se lhe precipitava na alma,fazia o que lhe pediam,e importava-se muito pouco com as perdas de tempo,enfim,eles que vissem aquilo que ele já estava farto de ver...
Viveu muitos anos "a virar frangos" com a camisola da Naval,saltava de secção em secção,e desde a bola ao cesto,ao pontapé na redondinha,ou no puxar dos remos,ele era um protagonista envolvido com a verdadeira mistica verde e branca,porque lidava bem com as rivalidades internas,colocando sempre o clube à frente do interesse individual,e gerindo emoções com a perspicácia de um homem sabido.
Ele estava sempre lá,ganhava para o que trabalhava,mas oferecia muito do que não tinha obrigação.
Paz à sua alma,Senhor Carlos.
custcruz