Atrás de uma história vem outra,e com outra se revelam os brilhos que iluminam uma alma que enche de orgulho aqueles a quem a Naval 1º de Maio lhes tocou para sempre,e jamais,o deixará de fazer,por os contos do seu encanto expressarem as formas,os modos,e os gestos protagonizados por figuras de proa,a quem atrevimentos de vida serviram para catapultar uma filosofia concretizada em muita paixão e devoção a um clube,que lhes deu tanto,sem lhes encher a carteira,mas muito mais do que isso,lhes preencheu o coração.
Nos envolvimentos da situação de saúde de Pedro Simão,ergueram-se memórias adormecidas que são bem a imagem de uma máxima perfeitamente certificada,de que um clube com história,nunca pode esquecer o passado,e ter em atenção o presente,construir o futuro com as premissas de uma mistica que sempre defenda o essencial,e não arrisque a continuidade...
Erros,todos cometemos,mas acredito até pela força emocional de quem me transportou para um passado onde eu ainda pouco sonhava com o clube,e muito menos conhecia,que homens como António João de Freitas(Tó João),ou António Pinto(Tó Pinto),teriam sido ícones para quem a criatividade foi mais vezes solução,do que o risco de um vazio que era precavido em um todo,que nada tinha a ver com a ambição desmedida,mas muito mais com a carolice ao serviço do sonho.
Destes dois senhores,apenas me lembro das referências que circulavam de boca em boca,e que os distinguiam no respeito pelos méritos das suas ações,e ainda hoje,prefiro que seja quem sabe,e que melhor os conheceu,a definir e posicionar no contexto histórico verde e branco.
Ainda assim,e por muito pouco que seja,vale a pena recordar por entre a imaturidade dos meus 11 ou 12 anos,aquele senhor(Tó Pinto),que assumia o leme em diversas circunstâncias,e que revelava um dinamismo organizativo apreciável,tentando sempre influenciar os desenvolvimentos que melhor podiam servir o clube.
Do senhor Tó João,que conheci muito mais tarde,mas não menos à distância,tenho a imagem de um homem simples,calmo,sereno,e muito observador,palpitando sobre o que quer que fosse,mas só depois de dar liberdade aos seus olhos no retiro dos indícios que solidificassem as suas conclusões.
Muito pouco,é o que posso dizer,mas ainda assim,e agora,muito mais sentir,com a bela página da "sanzala do Tó João”,da qual só agora tive conhecimento,no quanto me fez perceber,porque aquando da menção em conversa com o Simão na visita que lhe fiz ao hospital,depois de lhe ter falado na menina Carolina(neta do Tó João),que me tinha dito considerá-lo família,ele se remeteu a um silêncio calmo,mas não evitou a queda de lágrimas agradecidas a muito mais do que naquela altura eu pensava.
Foi este lindo episódio de vida,que me motivou "a vaguear" sobre estas duas personalidades Navalistas,que pouco conheci,mas hoje muito admiro.
Quanto ao que escreveram no livro da "Velha Senhora",vou deixar falar quem sabe,porque como aqui está revelado,é a melhor forma de eu também melhor conhecer um clube que está para mim guardado em sitio certo,e que sempre me aconchegará pelo valor intemporal e brilhante da sua história centenária.
Custódio Cruz
TÓ JOÃO um grande Navalista
António João de Freitas, tratado pelos amigos por Tó João, foi tudo na Naval. Desportista, "Seccionista", Director e Mecenas. Quantas e quantas vezes colocou o que tinha e não tinha ao serviço da sua Naval.
Comerciante no ramo da pesca, com armazém na Rua Vasco da Gama, quem não se lembra da célebre Sanzala.
A Naval tinha contratado perto de uma dezena de jogadores para a equipa principal, parte deles, de raça negra. Nesse tempo não havia dinheiro disponível para alugar casa e muito menos hotéis para hospedar os jogadores.
Tó João resolveu o problema, construindo no seu armazém um dormitório onde alojou todos os jogadores. Estes, quando se lhes perguntavam onde residiam respondiam “na sanzala do Tó João”.
Navalistas desta estirpe têm de ser recordados com
saudade.
(Texto de Rogério Neves publicado no nosso blog em 1-12-2007)