No Nepal,irmão de 4 anos protege irmã de 2 anos.
Este é um registo emocionante pela forma como nas expressões de cada uma das crianças,se assumem protagonismos tão naturais como elucidativos dos valores que haveriam de acompanhar certos adultos que por aí andam.
Repara-se na postura retraída da menina,que se agarra de forma vigorosa à cintura do seu mano,fazendo beicinho,e amedrontada de certo,agarra-se à vida num vínculo de sangue que naquele momento se revela providencial para que a tragédia não a deixe ainda mais sozinha no mundo.
Convicto,e firme no abraço,protege o menino a sua mais do que tudo no destino da sobrevivência,de olhos fixos no nada,de joelhos bem assentes num chão traiçoeiro,e com a outra mão no equilíbrio do tronco, tranquiliza-a num aconchego dividido entre a dor e o amor ao que não quer agora perder.
Sobra o seu olhar introspetivo,como que na procura do que eventualmente vai demorar tempo a perceber,alicerçando um protagonismo admirável,luta por manter cintilante "uma luz" que outrora brilhava "entre outras"na órbita dos seus olhos.
A melhor fotografia,é de longe aquela que nos mostra tudo aquilo que só não vê e não sente,quem anda muito distraído,ou pior do que isso,longe de um mundo que é belo pelo que nos oferece a sua essência única,e no qual só se estando atento ao que nos rodeia,se podem encontrar os exemplos que revelarão os melhores virtuosismos deste planeta.
De repente,viajei até ao Nepal,vivi um drama tenebroso,conheci este exemplo de vida maravilhoso,refleti e encontrei-me agora aqui de lágrima caída,num agradecimento profundo a quem soube captar esta lição,que todos podem agora guardar com esta tão triste quanto bela foto.
Custcruz