A tradução da minha alma...
Não consigo,
não sou capaz,
sinto demasiados suores com a máscara,
prendem-se-me as pálpebras na limitação do espaço,
encaixam-se-me as pestanas em uma só saída,
ofuscam-se os brilhos que nos espevitam os sentidos,
cola-se a face a um limite que o é mesmo,
e não deixa desfrutar da refrescante brisa da vida...
Por aqui testo a vontade de encontrar uma paz prometida,
mas ouço murmúrios ao longe de um amontoado sem destino,
sopro exausto,
e despedaçado na alma,
não resisto,
libertando uma lágrima de raiva por um mundo que tanto se desvia do encanto do sonho...
Revolto-me,
e destruo as costuras do fato,
dou impulso aos braços e reviro o capuz da escuridão,
faço quebrar o elástico,
e arrepio me na dor que o soltou,
anicho-me em um só,
e ergo-me de novo perante a luz do sol...
O instinto não me larga,
e eu não tenho vontade de o deixar,
a felicidade não se apaga,
ainda que cobre alto por cada trilho deste mundo,
não rio todos os dias,
mas sorrio a qualquer momento,
numa contradição entre o querer e o não saber para onde vou...
Eu não sou poeta do tempo,
e nem escrevo páginas com a mestria dos iluminados,
apenas me inspiro nos arrepios de uma liberdade,
que me empele em direção a um horizonte que abrace a pureza dos meus sentimentos...
Custcruz