Afinal a vida foi,é...e será sempre um desafio na sequência sólida de percorrer caminhos que se ajustem à reflexão equilibrada e tolerante, onde os projetos nunca acabem, e se definam cada vez mais naquilo que queremos ser, e não no que os outros querem que nós sejamos...
Perceber que refletir e concluir são atos que não podem estar confinados apenas ao reflexo daquilo que experimentamos sozinhos, ou obcecadamente vemos nos outros,caindo assim na tentação de criar verdades absolutas agarradas a pressupostos com falta de equilíbrio identificativo da nossa própria vontade...
Não podemos nem devemos querer para os outros aquilo que foram momentos nossos,e ajustados apenas e só para nós próprios...
Fazer crescer é educar e tentar ser amigo,é procurar limar com valores acrescentados os passos próprios de uma imaturidade pela qual quando jovens naturalmente passamos,e ou se está bem atento,ou então ficamos apenas por nossa conta,e isso pode ser muito perigoso...
Sinto sinceramente que os "meus" me olham com a admiração de quem foi livre de escolher o seu próprio caminho,com responsabilidade e dispensando cópias comportamentais,mas entendendo que a partir de uma "base experimentada" também podemos ramificar genuinamente o nosso próprio"eu"...
Só se vive uma vez,e tirar originalidade a um ser,é limitar as emoções que estavam reservadas para cada um,e isso eu penso que não é justo...

Custódio Cruz

Aprender com a nossa sombra,e fixar os olhos em outras...

Aprender com a nossa sombra,e fixar os olhos em outras...
"...No dia em que me silenciarem a voz,não me apagarão os gestos,no dia em que me aniquilarem os gestos,nunca farão esquecer os meus sentimentos..." CustCruz

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Porque a vida também é feita de coisas simples...



Fui tomar café...e no meu "canto" habitual observava dois casais em alegre cavaqueira...
Entretanto e fora da conversa...uma menina pulava de um lado para o outro...e como que sentindo que todos se estavam a esquecer que ela até andava por ali...iniciou uma correria desconcertante...
Saltava...rodava...e variava de ângulo consoante os gestos que o seu pai fazia no dito cruzamento de palavras e mais palavras com os seus amigos...
Sim...para ela não passava de isso mesmo...e a sua incompreensão era evidente...
É...a miúda até sorria...mas cada vez mais me parecia inconformada com o seu "abandono" no meio de tanto burburinho e "risadas" à mistura...
Vai daí...levantou a voz...e mais do que isso gritou...
Ó pai...qual é a palavra que começa por um D e acaba num O?...
Pelo pouco efeito da sua provocação e sem o eco da resposta...insistiu...
Pai ouviste?...
Qual é a palavra que começa por um D e acaba em O ?...
Bem...aí...o pai respondeu-lhe de forma curta e apressada...na certeza de não se perder no raciocínio...e continuar a "curtir" aquele bom momento de adultos distraídos...
Ó filha...já sei...é o DEDO...
A miúda até não se incomodou desta vez em que o pai lhe tivesse de novo virado a cara...
E gritou ainda mais alto...
Enganaste-te...é o DADO..
E esboçou um sorriso traquina...para quem mais não merecia do que uma resposta a preceito e bem calculada no rigor de quem tinha estado a ser ignorada até ali...
Perante este "acerto" da menina...eis que se fez um silêncio entre todos...a garotinha refugiou a cara por detrás da mão...e esperou reacção à sua meia verdade...
Afinal...tinha trocado as voltas ao pai...e fê-lo sempre com os olhos nos olhos...mesmo agora que também todos estivessem calados...
Soltaram-se enormes gargalhadas...e ruidosos aplausos pela simplicidade na verdade encontrada...
O rapariguita tinha conseguido a atenção geral...e assim já mais satisfeita foi ter com um "fiel amigo" que deitado estava no chão...
Fez-lhe festas e encostou-se a ele...como que lhe segredando "a volta" que tinha dado ao seu pai na resposta...
Adormeceu...e nem se apercebeu dos murmúrios com que o Pai a presenteava...
Malandra...dizia ele...já me enganas-te...
Levantei-me...e paguei o meu café...
Passei por eles...e mudo e discreto sorri na satisfação plena...
Caminhando passo a passo e com destino para casa...fui reflectindo na companhia do meu silêncio...e mais convicto fiquei...que mesmo mentindo só as crianças são de facto possuidoras da verdade...
Sim...porque até o sabem fazer...mas nunca deixam a "mentira" escondida numa verdade enganadora...
Cheguei ao meu "Bunker" e ao fim desta noite escrevi este texto...e de coração desejo a todas as crianças do mundo...um soninho bom...e que este nunca as deixe acordar diferentes...porque só assim elas dão força a uma verdade insofismável...
Só mesmo as crianças são possuidoras da verdade...
Bons sonhos...e até amanhã...

Custódio Cruz