Dando os tais passos nas recordações vividas "ontem",e antes de personalizar o objectivo desta página de sonho,será importante que aqui coloque saliência a termos técnicos que ninguém no mundo alguma vez praticou no futebol,pela simples razão,de que esse mesmo sonho começava em mim de forma empírica,e se estendia aos meus jogadores com uma nuance de incrível e aparente insensatez teórica,já que como em outras condutas dentro e fora das quatro linhas,a metodologia que utilizava passava por uma aplicação baseada na pressão das minhas emoções,para uma assimilação rigorosa e feita de instintos,que não as de automatizações frias e sem o encanto alternativo da individualidade.
Assim,dava liberdade aos meus atletas para me surpreenderem com os seus talentos mais genuínos,e isto vejam só,também enquanto forma prudente no evitar de divulgações descuidadas daquilo que nos haveria de oferecer vitórias e momentos de êxtase pleno.
Os jogadores, faziam,mas eram surpreendidos pelos resultados,eu elaborava,e confirmava a certeza do que estava a fazer.
Estão a ver esta foto?
Pensam que a escolhi por acaso?
Não.
Observem bem.
Olhem lá o "objeto tático" que desenhei por mim mesmo numa pasta que ainda hoje tenho,desde 1980,e onde se traduz a diagonal estratégica,ou seja,aquela que articulada na tal diagonal em linha,atacava a pressão e recuperação sobre o adversário numa das faixas laterais,e de seguida com a ajuda por exemplo de um geométrico pé esquerdo,se apostava naquilo que "não se via",enfim,quiçá,no que andaria a fazer em termos de posicionamento ofensivo o numero nove e dez,pois que o onze,colocado como nesta situação,muito dificilmente seria opção.
Insinuava-se num lado,e apostava-se no outro,sendo delicioso de ver como o jovem que fui buscar com faixas de campeão à natação do Ginásio Figueirense,se desdobrava convicto numa atitude de enorme talento e ambição,erguendo asas geométricas alargava os ponteiros,e fazia mais que meio golo para os "piques providencias" em espaços livres de oposições reforçadas.
Fazer lembrar o Luis Tóvim como jogador,é mais do que um conto de sonho,pois para quem de repente troca a "predominância da água pelo suor",conhece esforços incentivados por ilusões de cores múltiplas,que o haveriam de levar a realidades que de certo já mais esquecerá,e das quais também quem tocou a sua amplitude técnica e humana,nunca poderá apagar,enquanto elemento de uma família que muito feliz foi nos seus cruzamentos de vida.
O Luis,como filho único,era naturalmente um pouco mimado,mas depois de inserido num contexto de "exigências sonhadoras",não só cumpriu,como aceitou na diferença a vontade de ser enorme, e de fazer da equipa o objectivo maior.
Muito sofreu ele com as minhas palavras e incentivos para que como"médio centro ofensivo",fechá-se nas zonas recuadas,mas conseguiu-o de modo pleno,dando mesmo gosto na sua atitude de recuperação de bola,aquelas elevações que muitas vezes terminavam com um grito de esforço,mas brilhantes para supremacias que nos haveriam de fazer mais vezes vencedores do que perdedores...
Muito homogéneo sob o ponto de vista humano,descuidava-se naturalmente como qualquer jovem,e dois dos episódios que recordo da Naval e com mais presença,foi quando em plena fase final de iniciados,no jogo com o Torralta(de Pacheco e companhia...),lá para os "Algarves",estávamos em aquecimento para jogo decisivo para o Título de Campeão Nacional,e ele em geito muito inocente,ainda que colocando o jogo em primeiro lugar e só depois o relaxe,me perguntou assim:
Ó Mister,no fim do jogo vamos até à praia da rocha,não vamos?
Com um "instinto" que ainda hoje tenho dificuldade em conter,lá tive eu que lhe "sacudir a mente",aliás como o faria a qualquer um,a que ele respondeu com um silêncio respeitoso,e com uma aplicação no jogo onde foi decisivo para um precioso empate a uma bola,que nos certificou a continuidade do sonho.
Depois,lá fomos à praia,e quem ficou à defesa fui eu,circundando os seus gestos e atitudes para saber se estaria muito zangado comigo.
Pareceu-me que não,e segui em frente crente de que não tinha perdido o amigo,e muito menos o jogador...
Mais tarde,numa outra época,e na procura de um feito histórico para a nossa Naval,estávamos a jogar em casa com o Peniche(salvo erro...),e agora na categoria de Juniores,precisávamos de ganhar para ir pela primeira vez na história à Fase Final Nacional da 1ª Divisão,o Tóvim, fez o segundo golo já perto do final,deu-se uma "explosão de emoções" no campo de treinos do Municipal José Bento Pessoa,que estava literalmente à cunha,e preparando-me eu para na sequência tentar "subir ao céu" pela alegria da vitória,só vi e senti o Luis saltar para os meus braços a chorar de alegria,chegando depois todos os colegas,caímos na cal da linha lateral,e ficou mais uma vez a certeza de que os meus jogadores me aceitavam com as minhas excentricidades humanas,e mais do que isso,que eram verdadeiramente meus amigos...
O numero 8,haveria de chegar longe no futebol,e fazendo mesmo parte de uma das equipas de juniores do Sporting Clube de Portugal,mas a sua consciência humana por boa orientação,dariam prioridade a um futuro profissional estável e capaz de não correr demasiados riscos,e assim,por uma opção que se aceita,ficaram memórias como estas que o vão arrepiar,a ele, e não só...
Se tenho a certeza?
Hum...se calhar sim...ou não...quem sabe...
Grande abraço Luis Filipe Tóvim Monteiro !!
Então até à próxima,Família CNC...
Custódio Cruz