A história da Naval está escrita,e por entre o volume de emoções que a impulsionou,ressaltam gestos tão simples e que pregados no tempo ficaram, pelo significado com que para além do que a bola rolou,mais inspirou o desenho dos trilhos em que vontades conjuntas perseguiam fazer brilhar no enorme prestígio que vinha de longe,
Na primeira época em que saltitei nas nuvens dos sonhos,reconhecido fui por muitos,sem que por alguns "ódios" não deixasse de ser acompanhado,afinal de contas,um miúdo de 20 anos saltava das Abadias com uma tal Escola MTK 2000,pegava numa equipa de iniciados,e só perante Benfica e F.C.Porto,parava a marcha em direção ao Título Nacional.
Dentro da nossa casa,e como no seio de qualquer família,haviam "as ovelhas" que tudo faziam para apagar rastos de brilhos que lhes encadeá-se os egos absolutistas,mas outros,por amor viviam numa identificação "de sangue" que elevá-se a "Velha Senhora" o mais longe possível,e foi assim,e entre estas vicissitudes de vida,que recebi a primeira distinção impulsionada por um sentido de justiça inspirado pela firmeza de quem não pactuou com "os ratos" da Naval,liderados por um Grande Senhor,de seu nome Manuel Bravo,na altura Presidente da Assembleia Geral do Clube.
Lembro-me como se fosse hoje,o Senhor Manuel Bravo,abeirou-se de mim,e dando a saber que era bem conhecedor das "correntes que enfraqueciam os méritos",levantou a voz como que arrepiando sombras que por ali também deambulavam na altura,e deixou como digo de forma bem sonora,que o Custódio Cruz,iria ser distinguido pelos suas virtudes,e com um Diploma manuscrito por si próprio.
Ainda agora me arrepio daquele momento,confesso que me encolhi com tamanho gesto solidário,mas ao mesmo tempo,descobri o quanto no silêncio de um grande Abraço,nós conhecemos as boas pessoas,e os verdadeiros amigos.
Senhor Manuel Bravo,aquela alma Navalista,que acompanhava os treinos,não falhava aos jogos,e que no final do Naval-Benfica,ainda que eu estivesse desfeito em lágrimas com o fim do sonho,me apresentou o seu irmão, e também distinto Jornalista,para que me fizesse uma entrevista no Jornal Nacional "A Gazeta dos Desportos",e assim "me ajudasse" a perceber que a vida continuava,e que este era apenas um princípio do muito que o Futebol me haveria de dar para sorrir ao bom sorrir.
Sucederam-se as perspetivas de um homem sábio,eu fui muito feliz no Futebol,e hoje percebo e sinto, que foram cruzamentos com seres da sua dimensão,que mais me motivaram a não abrandar na honestidade,nem a desistir nunca daquilo que sonhava.
Mais tarde,procurei a dita entrevista no Museu Dr.Santos Rocha da Figueira da Foz,consegui uma cópia através da uma amiga que lá trabalha,entretanto perdi essa memória escrita,voltei para tentar reaver essa relíquia pessoal,mas tinha "desaparecido por entre paredes",enfim,mas ainda assim não se apagaram as memórias por quem as merece.
Afinal,também ainda restando o meu Baú de recordações,foi com alguma emoção que encontrei este Diploma concedido por aquele Clube,e que agora com orgulho o exibo junto com histórias que não fui só eu a viver,e ainda bem,pois essa foi desde sempre a minha ideia.
Custódio Cruz