Afinal a vida foi,é...e será sempre um desafio na sequência sólida de percorrer caminhos que se ajustem à reflexão equilibrada e tolerante, onde os projetos nunca acabem, e se definam cada vez mais naquilo que queremos ser, e não no que os outros querem que nós sejamos...
Perceber que refletir e concluir são atos que não podem estar confinados apenas ao reflexo daquilo que experimentamos sozinhos, ou obcecadamente vemos nos outros,caindo assim na tentação de criar verdades absolutas agarradas a pressupostos com falta de equilíbrio identificativo da nossa própria vontade...
Não podemos nem devemos querer para os outros aquilo que foram momentos nossos,e ajustados apenas e só para nós próprios...
Fazer crescer é educar e tentar ser amigo,é procurar limar com valores acrescentados os passos próprios de uma imaturidade pela qual quando jovens naturalmente passamos,e ou se está bem atento,ou então ficamos apenas por nossa conta,e isso pode ser muito perigoso...
Sinto sinceramente que os "meus" me olham com a admiração de quem foi livre de escolher o seu próprio caminho,com responsabilidade e dispensando cópias comportamentais,mas entendendo que a partir de uma "base experimentada" também podemos ramificar genuinamente o nosso próprio"eu"...
Só se vive uma vez,e tirar originalidade a um ser,é limitar as emoções que estavam reservadas para cada um,e isso eu penso que não é justo...

Custódio Cruz

Aprender com a nossa sombra,e fixar os olhos em outras...

Aprender com a nossa sombra,e fixar os olhos em outras...
"...No dia em que me silenciarem a voz,não me apagarão os gestos,no dia em que me aniquilarem os gestos,nunca farão esquecer os meus sentimentos..." CustCruz

domingo, 30 de junho de 2013

Um texto longo,e um dia feito de emoções tão antagónicas...



Dia 29 de Junho de 2013,até podia ser um dia parecido com os demais,ainda que uns corram melhor do que os outros,jamais esta data e a partir das perdas que tive em 2009,poderão também por mais alguma vez começar bem,pois a falta dos sons que nos preencheram de uma companhia fiel,dos acordes que nos  aqueceram com carinho,das letras que nos ensinaram a ler a vida,dos momentos em que a magia soletrava o encanto dos olhares,aqueles olhares de um brilho sem fim...e empolgado entre o amor de Mãe e a paixão de um filho,aquela química maternal que já cá não está, e que para quem teve uma Mãe de verdade,por mais tempo que passe,mais como certo tem um sofrimento ainda que conformado,de um enorme vazio e uma crescente saudade.
Comecei assim o dia previsivelmente triste,mas por força das lições,sempre devemos confiar que poderá haver também algum tempo para sorrir.
Toca a levantar,e mesmo que de rosto fechado lá fiz rumo ao Mercado da Figueira,abri a loja e sentei-me à espera das emoções que me quisessem conquistar.

Entre os sons e as cores de um Mercado cheio de gente,entre os pregões e os movimentos estonteantes de uns e mais pausados de outros,assim se envolviam naturalmente os clientes e vendedores em apostas de um melhor negócio na compra e venda.
Já pela minha parte, me perdia em pensamentos negativos,assombrados por uma manhã de promessas concretizadas em maus negócios,e com a mente demasiado livre a saltar de problema em problema,de preocupação em preocupação,recuperando ocorrências recentes e passadas que me atormentam a alma,e que me motivam a galgar as rédeas da revolta,não por teimosia,mas por injustiças provocatórias de quem cada vez mais mostra uma face,ou de incompetência,ou de mau carácter,ou de muito mais do que a vontade da qual não é dono.
Ser humilhado uma vez ao telemóvel,para tentar colocar a actividade dos talhantes no Mercado Provisório,e ter que tentar esquecer porque fui ensinado a perdoar,pois,mas ninguém me ensinou a esquecer,e agora nem eu sei até quando,ou se de facto consigo passar à frente,e seguir na vida sem dar a resposta que se impunha na altura,e que agora até pode ainda vir no tempo certo,e quem sabe no lugar exacto.
Não,nem tudo está tranquilo no novo Mercado da Figueira,e se preparam o meu derrube na vida,acho melhor apressar-me e acabar de vez com  a presunção de quem pelos vistos não a merece.

Definitivamente,e com a ajuda dos poucos clientes que solicitavam os meus préstimos,o tal dia triste arvorava-se a passos largos e parecia mesmo sem remissão de pecado,com as nuvens negras no horizonte cada vez mais a tomar conta do raio de esperança que sempre me acompanha enquanto um espírito de luta que tem "sufocado" muitos...
Eis que mais uma vez interrompido na mais profunda das introspecções, estremeço sem esperar,não com medo,pois esse estado de alma já pouco me assiste,mas no receio das consequências com que mais um cliente ao tentar perguntar-me onde era o Multibanco,tropeça na entrada do módulo,que tem contra a segurança de todos 10 cm de elevação,mesmo que depois de eu ter alertado um amigo em quem ainda gostava de acreditar como em outros tempos,para aquela estupidez da engenharia de gabinete pudesse ser corrigida.
Na altura,disse-me que tinha todos os vistos em dia,e que não haveria problema,agora está visto e comprovado que um dia destes o Câmara Municipal da Figueira da Foz vai ter que criar um fundo só para indemnizações por culpa própria,e não de certeza dos concessionários, que até tiveram quem alertasse para esta patetice ou esperteza saloia.
Continuava negro muito negro este dia 29 de Junho de 2013,não me bastava a escuridão das verdades que até gostaria que fossem mentiras,e eis que "uma pantera" de velhos e já ultrapassados hábitos no diz que disse,e depois de no dia anterior me ter informado que no futuro seria um concessionário do Mercado(?) a certificar ocorrências que no próximo regulamento a poderiam colocar em causa,e isto por deferência informativa de uma amiga bem colocada no assunto,entrou assim no módulo que exploro,e sem cair na entrada me pediu para a acompanhar para ver uma coisa,por educação acedi,e qual não foi o meu espanto quando se aproximou da banca de uma amiga de estimação,e me tentou envolver na crítica a "céu aberto" para me comprometer com a vizinhança,virei-lhe as costas e só não a mandei à m....,por isso mesmo,pela idade e o respeito com que se deve fazer desconto com pessoas deste tipo.
Hirra,já só me dava vontade de fechar o módulo e ir para casa...
Voltei para o meu poiso profissional,e olhando para o corredor,vejo uma velhinha dos produtores com duas alfaces na mão,aproximou-se de mim e disse-me,ó senhor Custódio, quer estas duas alfaces do meu quintal que não consegui vender?
O seu rosto era a cara da pura simplicidade,os seus olhos a luz da humildade mais contagiante,e o seu sorriso era o de um agradecimento do muito que parecia estar "a ser pago" com pouco,mas mal ela sabia o valor enorme que para mim tinha aquele gesto.
Aceitei,sorri e voltei a adverti-la que tivesse agora de novo cuidado para não tropeçar na saída,agradeci e coloquei-lhe a mão no ombro,para que também sentisse o quanto eu estava contente com a sua dádiva.
Finalmente,e mais não digo,pois dá para perceber...

Estava na hora,havia que passar por casa para recolher três velinhas,uma para a minha Mãe,outra para o meu Pai,e ainda outra para a minha Tia,rumar ao cemitério e tranquilizar o espírito com a luz de vida que lá deixaria.
Passava junto à igreja,e reparava que em mais um casamento ali tão perto da minha casa,se encontravam muitos convidados,mas o que me despertou ainda mais à atenção,foi o carro estiloso de áureas passadas,que neste presente se tornava para além de diferente,e de certo também marcante para noivos que capricharam para um momento tão bonito na vida como o que quando se jura perante Deus as suas convicções de amor.
Ia depois eu em direcção ao meu Fiat Uno,quando um carro carregado de rapazolas e as suas "amigas especiais",travava a fundo,e qual não é o meu espanto que dentro deste se encontravam meus ex.jogadores,que gritaram em uníssono pelo Mister que um dia os liderou no futebol do Cova-Gala.
Fiquei surpreso,e lembrei-me então que era o casamento do Lambreta,o capitão da tal equipa que nos fez sonhar um dia,e mesmo concretizou feitos históricos na categoria de juniores com as cores do clube da margem sul.
Despedi-me deles,e sorri de novo,o dia afinal até estava a compor-se,aquelas reacções foram bem elucidativas de "algo" que é muito mais forte do que a solidão de boas emoções que alguns desenharam para mim no futebol e na vida,e agora falam sozinhos nos seus cantos ignorados.

Pronto,já sei, esses mesmos tais que agora estão a perguntar a si mesmos porque não fui eu convidado para o casamento do Lambreta.
Ora estão muito enganados,não só fui convidado,como até fui à sua despedida de solteiro,ainda que quatro anos depois de nunca mais ter qualquer actividade social que não a do dia a dia.
Falhei mais um casamento de um grande amigo,como o fiz também com outros meus grandes amigos e ex.jogadores,e tudo porque para além de mim,existe um estrutura estranha ao entendimento de qualquer um,direi que enigmática não por vaidade,mas por convicção,muito mais por uma vontade que me manipula o desejo estabelecido socialmente,e me afasta ainda que triste de momentos aos quais até não devia faltar.
Não perceberam nada pois não?
Ora ainda bem,era essa a ideia...
Quanto a ti Lambreta,meu grande capitão,embora eu fosse o comandante,ficas a saber que para além da sorte de encontrar nas bombas de gasolina o Tuca para te mandar um grande abraço,também calhou pela casualidade da vida conseguir ir mesmo atrás do teu "carrão" junto à Camara Municipal,e ver-te assim tipo abaixado lá dentro,porque o tejadilho deveria estar mesmo a bater-te na cabeça.
Pois,que te fizessem mais pequeno,o que não foi o caso,depois seguiste direito a Vila-Verde,e não te conto mais nada,o que quero agora é que tu mais a Andreia Balbino sejam muito felizes.
Quanto ao meu dia,e que era o tema principal deste meu texto,que pode ser chato,longo e presunçoso,pois que o leia quem quiser,que por mim serviu para terminar um dia que parecia muito mau,mas acabou por ser muito melhor do que esperava.
Então boa noite, e um muito bom resto de fim de semana.

Custódio Cruz