Afinal a vida foi,é...e será sempre um desafio na sequência sólida de percorrer caminhos que se ajustem à reflexão equilibrada e tolerante, onde os projetos nunca acabem, e se definam cada vez mais naquilo que queremos ser, e não no que os outros querem que nós sejamos...
Perceber que refletir e concluir são atos que não podem estar confinados apenas ao reflexo daquilo que experimentamos sozinhos, ou obcecadamente vemos nos outros,caindo assim na tentação de criar verdades absolutas agarradas a pressupostos com falta de equilíbrio identificativo da nossa própria vontade...
Não podemos nem devemos querer para os outros aquilo que foram momentos nossos,e ajustados apenas e só para nós próprios...
Fazer crescer é educar e tentar ser amigo,é procurar limar com valores acrescentados os passos próprios de uma imaturidade pela qual quando jovens naturalmente passamos,e ou se está bem atento,ou então ficamos apenas por nossa conta,e isso pode ser muito perigoso...
Sinto sinceramente que os "meus" me olham com a admiração de quem foi livre de escolher o seu próprio caminho,com responsabilidade e dispensando cópias comportamentais,mas entendendo que a partir de uma "base experimentada" também podemos ramificar genuinamente o nosso próprio"eu"...
Só se vive uma vez,e tirar originalidade a um ser,é limitar as emoções que estavam reservadas para cada um,e isso eu penso que não é justo...

Custódio Cruz

Aprender com a nossa sombra,e fixar os olhos em outras...

Aprender com a nossa sombra,e fixar os olhos em outras...
"...No dia em que me silenciarem a voz,não me apagarão os gestos,no dia em que me aniquilarem os gestos,nunca farão esquecer os meus sentimentos..." CustCruz

domingo, 6 de julho de 2014

Sem a t`shirt da fama...por culpa do destino...


Foram muitas as épocas e muitos os jogadores que me ajudaram a escrever um livro de sonhos que quase sempre tiveram um final feliz,mas ainda assim,exemplos houveram onde "estrelas iluminadas pelo talento" ,voaram ás "montanhas mais altas do futebol",mas talvez por baterem as asas com uma paixão inocente foram caindo num "revés imerecido" para quem poderia ter aspirado a muito mais...
Depois,eram tempos sem "empresários promocionais",cada um caminhava à sua custa,e se bem que enquanto aquele que por ali está sentado sem t`shirt esteve sob a minha batuta,tinha a proteção para as boas e más opções,fossem estas dele,ou de quem lhe pudesse influenciar o futuro...
O Pedro Miguel,de Buarcos,já estava na Naval quando eu fui chamado à primeira experiência como técnico principal,pois estava,só que,com o treinador de então não pisava a titularidade,não jogava na forma e na posição que depois eu desenhei para si e para a nossa equipa,e como iniciado esteve à beira e como estivemos todos de nos sagrarmos Campeões Nacionais da categoria,e sem qualquer divisão na pirâmide competitiva,não se conseguindo esse desidrato porque no Estádio da Luz os ferros impediram a vitória,e num Bento Pessoa à cunha, as emoções foram demasiado fortes nuns momentos finais que nos colocaram numa honrosa terceira posição Nacional.
Mas é do Pedro Miguel que eu quero falar,logo nos primeiros treinos lhe vi características especiais na postura em campo,e na atitude técnica,com uma personalidade demasiado tranquila,havia que o espevitar no sonho de vida,pouco interessado em leituras tácticas,havia que o disciplinar nessa área,porque como ser humano era um amigo empenhado,com uma velocidade escondida para a tal postura displicente,pior ainda,não dava azo e nem fazia brilhar aquele "pique mágico que tinha no bolso",e que em espaços curtos estilhaçavam as intenções defensivas de qualquer adversário,enfim,digamos que como Néné do Benfica,nem precisava de sujar muito os calções,para ser o protagonista dos golos que nos enchiam a alma de uma certeza concretizadora com a qual já não podíamos dispensar na nossa filosofia de jogo.
O tempo passou até aos Juvenis,e o Pedro mais foi aprumando os seus talentos,ainda antes do "voo para o Benfica",foi o meu primeiro jogador a conseguir a internacionalização com estreia pela Seleção de Portugal em Paços de Ferreira,depois,bem depois...foi vê-lo dizer-nos adeus e rumar como já o referi para o S.LB.,onde continuou a sua ascensão,"partindo a loiça toda" no clube das águias,e afirmando-se ao mais alto nível na Seleção Nacional Portuguesa.
Na altura,os métodos com que se materializava a formação no clube vermelho e branco,roçava mais a teoria que a realidade prática de uma continuidade formativa adaptada a quem andava envolto pelo sonho,até já tinha dado "provas cintilantes",mas não podia ser abandonado ao Deus dará,para não se correr o risco de se perder uma enorme "vedeta do futebol"Português,e estou à vontade para o afirmar,porque modéstia à parte,acho que também dei as minhas provas ao longo da minha carreira no futebol de formação.
Um dia encontrei o Pedro na Figueira,com mais amigos juntámo-nos para lembrar histórias antigas,mas mais do que isso,quis primeiro saber como lhe corria a colocação que o seu clube lhe destinou após a formação nas classes jovens,e isto,porque na altura não havia equipas B,e logo,eu temia pela falta de acompanhamento para uma estrutura humana como a do Pedro Miguel,que precisava de ter "motivações extra"sempre presentes,já que perante a adversidade necessitava de "sentir o caminho do seu talento".
Sabendo eu que estava na Associação Desportiva da Guarda,terra de onde os meus pais eram oriundos,e assim conhecendo bem a dimensão estrutural do seu futebol,se já andava preocupado,mais fiquei a seguir,pois entre ordenados em atraso,estruturas amadoras à mistura,e comportamentos naturais de desmotivação com "a escada" que lhe ofereceram para regressar ao topo,antevi facilmente o estrondo da queda...
E agora,de quem foi a culpa?
Do "clubezeco"onde aos seus melhores momentos se sucedeu um fim que o obrigou a mudar de nome para pagar as dívidas?
Seria este clube digno de um jogador com a dimensão do Pedro Miguel?
Foi esta a melhor opção do Benfica para acompanhar um jogador mais que promissor,e com capacidades fora do comum?
Nem vou alongar-me em mais considerações,e ao Pedro Miguel só lhe digo o seguinte,tanto me faz que concordes comigo como não,se esse for o caso,pois tenho ainda hoje a convicção que foi esta "pedrada incompetente" que "te rachou a cabeça" para um desidrato que tenho a certeza poderia ter chegado a um nível como o do Hugo Almeida.
Já que falo no Hugo Almeida,aproveito para lhe direcionar um enorme abraço de parabéns pelo que tem feito,porque sendo outra personalidade que nunca pode ser igual a quem quer que seja,aqui estabeleço a equivalência das minhas afirmações acerca do Pedro Miguel,porque o Hugo era diferente,e curiosamente parecia igual,e sabem porquê?
Porque quando veio para "as minhas mãos",era também "displicente no sonho", pouco motivado para acreditar no jogo que mais amava,mas também onde pouco encontrava os reflexos da sua vontade inata,por isso lhe dei a posição que merecia,como o fiz com o Pedro Miguel,por isso o chamei a razões emocionais e de disciplina de jogo que tinha que adotar,como aconteceu com o Pedro Miguel,só que o Hugo era diferente do Pedro na ambição,sabia que ao "momento mágico" teria que responder com a determinação que tanto lhe fazia estar sozinho(e ele que até gostava da solidão),como estar bem ou mal acompanhado,e mesmo que rumando até Leiria como um intervalo de lançamento de carreira,não se deixou cair na incompetência de quem o pudesse prejudicar,e lutou com garra e querer para ser ainda maior do que o é no físico...
É verdade Pedro,outros tempos,onde no tal União de Leiria qualquer jogador gostaria de continuar a sua "formação jovem",mas como sabes, eu não sou portista,agora burro é que também não me considero,e por isso tenho que reconhecer que na era Pinto da Costa,se construiu uma máquina de formação no futebol português, onde era impossível que a um talento como tu,lhe tivessem projetado os ares da Serra da Estrela,onde o melhor que por lá têm e já na altura tinham,é mesmo e para além de muitas boas coisas,o maravilhoso Queijo da Serra...
Quanto a Futebol Profissional,ora valha-me Deus a compreender-me se os outros não quiserem...
Quanto ao Torneio disputado com o nome do Hugo,ainda lá dei um saltinho bem à minha maneira e sem ninguém esperar,se é que alguém se interessava com isso,e quando comecei a olhar para as bancadas eram tantos os meus jogadores,que com alguma emoção preferi fugir,na certeza porém que nenhum dos presentes e não presentes já mais excluirei da história da minha vida.
Fique bem quem me lê,pois apeteceu-me espalhar as minhas memórias sobre alguém que eu acho que merecia melhor sorte...

Custódio Cruz