Fotos Ana Maria Pinto da Costa
Volto a referir,não vou,e nem quero regressar,mas será sempre o Futebol um aliado que me proporciona os intervalos que a mente precisa para relaxar das labutas de vida,que tanto nos trazem pressões onde às vezes nem tempo temos para olhar e desfrutar do passado,do presente e do futuro,e este,nem que seja de uma forma imaginada.
Fiel ao que sou,vos segredo que nunca desligo do sonho,e sou mesmo capaz de saltar para qualquer banco de suplentes sem ser convidado,de correr em qualquer ala de fantasia e cruzar para um estoiro que faça tremer as redes da paixão,de fazer descrever um passe na perfeição geométrica capaz de fazer sonorizar os bruás intensos e melodiosos da bancada,e porque não,precipitar um pique e invadir as quatro linhas como que festejando um golo e abraçando um mundo que já um dia também me pertenceu.
Afinal de contas,tudo isto e muito mais,sem sair do "um canto reservado por mim mesmo",para cá do tal palco dos sonhos,e num jogo escolhido arbitrariamente,mas tão pertinente no contato quanto a minha vontade de perceber,o porquê dos ecos de brilho que soam sobre este time no mundo da bola irreverente.
Naval 1º Maio e Cova da Piedade,defrontavam-se a contar para uma «Fase Final» de Juniores,onde ao que ao passado recente dizia respeito,os verde e brancos da nossa terra já pontificavam com um trajeto de uma «Primeira Fase» irrepreensível,e mesmo brilhante,e onde por serem primeiros,em primeiros ficaram,e por lá acredito continuarão no reflexo de uma postura e capacidade,que de certo os fará triunfar enquanto mais uma faceta de brilho,a acrescentar à tão prestigiada história da "Velha Senhora",que hoje caminha em soluços indefinidos,mas que não desiste da devoção para o qual foi criada.
Bem dita a hora em que "aquela nuvem" pequei,ainda que já fora de tempo,tenha perdido picos de emoção onde os Navalistas já tinham "tropeçado" na expulsão do Landy,e ainda caído em um golo adversário,que ainda assim não obstruiu ao princípio de uma recuperação notável,concluída com tudo o que depois não perdi em pitadas,que mais do que isso me encheram a alma.
Dali para a frente,captei as incidências a meio do campo,como que me aconchegando ao "reboliço" emocionante da Squadra Verdi,que catapultava de fora para dentro o arrepio capaz de impulsionar os jovens "artistas da bola",em cada lance,em cada atitude,em cada trilho que fizesse explodir a alma Navalista,por um golo,e mais outro golo,que seria premiado com um efusivo e fulguroso abraço junto à bancada,e em um só gesto traduzido em também um só sentimento,ou seja, aquele que melhor desenha a palavra FAMÍLIA.
Assim foi,assim aconteceu,de 0-1,para 1-1,com a assinatura do buliçoso Monteiro,se deu luz verde para o assalto,e se na bancada por "entre vozes loucas" não se tivesse feito alusão à expulsão,nem eu dava por ela,tal o acerto fundamentado numa segurança de propósitos tecno-tácticos,aliados a uma tranquilidade emocional distante dos "enervados" atletas do Cova da Piedade,que até tendo um ou outro ansejo para chegar ao golo,se desequilibravam e trocavam os pés,por um precipício onde só não cai quem sabe e sente,a forma de controlar os arrepios que fazem de uns melhores que outros.
Entre um grupo com o qual me estava a identificar pela primeira vez,saquei logo aquele 23,que depois soube chamar-se Matos,e que verdadeiramente me encheu as medidas,baixinho mas possante,irreverente em demasia mas talentoso,"aventureiro no terreno" mas determinado,criativo no passe mas objetivo,e mais do que isso, tão disciplinado taticamente,que sabia recuar para colmatar o percalço de Dali,mas nunca deixando que com o seu espírito audacioso,pudesse construir em zonas adiantadas,e revelar-se decisivo nesta excelente vitória.
Quem não deixou créditos por mãos alheias,foi Sandro Moço,que por exemplo em jogada de golo,perfumou o seu talento num passe construído com a magia que lhe sobra em inspiração inata ,arredando tudo o que lhe apareceu pela frente,e oferecendo um dos golos que fizeram a Naval chegar ao intervalo na vantagem por 3-1,para além do mais,assinale-se o seu rigor tático e humildade,que tanto o levam na objetiva procura da baliza contrária,como na defesa da sua,executando um vai e vem que só lhe vai dar traquejo para a filosofia para onde tende esta modalidade de paixões mil.
Veio a segunda parte,e porque quem manda nos meus instintos sou eu,mudei-me para trás da baliza do Carlos,pois o caudal iria por ali aparecer mais vezes,e por parte dos "covapiedenses", para alem de que é nas costas de uma qualquer equipa que melhor me sinto a observar os desenvolvimentos estratégicos e instintivos.
O Carlos,até pode ser o Pinguim que a Squadra insinuou,mas o certo é que os homens não se medem pelas alcunhas,e deixem que seja dito,que este "Keeper"não tem só pinta de jogador,mas muita agilidade misturada com posicionamentos de certo bem trabalhados,aliados a uma elevação feita de equilíbrios,nos quais a mente manda,os olhos trilham,e o corpo alcança.
Bom,mas ele sabe como todos sabem,que contam com o centralão Wilson,que cria "sombras defensivas" aos adversários,determinantes nos tempos preciosos que coordenam o ataque à bola,elaborados numa grande entrega ao jogo,antecipação,e uma agilidade surpreendente para um jogador que parece pesado,mas "voa" de lance em lance,dando-me a entender que,se tem ali muito potencial para um dia se fazer feliz como atleta,e seguir em algo que com certeza lhe comanda os sonhos.
JP ,revelou-se um "matador",somando dois dos quatro golos da equipa,e tudo porque não me pareceu saber viver sem os brilhos codiciosos que fazem bailar as redes de qualquer baliza,caso para dizer que, desistir nunca,e por isso vive das somas que podem fazer feliz a sua equipa.
Gonçalo,não é para esquecer,também molhou a sopa,e revelou-se equilibrado nas ações defesa ataque,aliás revelando aquilo que toda a equipa mostrou na segunda parte,em solidez e cultura tática,tendo princípios bem definidos na consciência com que sempre se deve atuar,e atendendo às vantagens ou desvantagens no marcador.
Quanto àqueles jogadores que aqui, e aos quais não faço referencia individual,acontece e apenas isso,que ver um jogo é pouco para definir o que quer que seja de alto a baixo,na certeza porém,que o dedo sábio de Marinho Serpa os soube colocar em missões que por vezes se escondem mais,mas não deixam de ser decisivas nos êxitos alcançados.
Por fim,vou eleger mesmo o melhor jogador desta partida,e ele foi aquele que encheu os ouvidos dos jovens atletas,que lhes proporcionou "in loco"a vivencia de emoções que qualquer jogador persegue e deseja,que lhes abriu "a avenida do festejo",e lhes coloriu a alma,motivando-lhes novos sonhos que um dia lhes há-de preencher os horizontes da felicidade.
E esse jogador,e sem hipocrisias,para as quais não tenho tempo nem pachorra,foi a SQUADRA VERDI,que continua a ajudar a não deixar apagar a chama da Quarta Coletividade mais antiga de Portugal.
Custcruz