Afinal a vida foi,é...e será sempre um desafio na sequência sólida de percorrer caminhos que se ajustem à reflexão equilibrada e tolerante, onde os projetos nunca acabem, e se definam cada vez mais naquilo que queremos ser, e não no que os outros querem que nós sejamos...
Perceber que refletir e concluir são atos que não podem estar confinados apenas ao reflexo daquilo que experimentamos sozinhos, ou obcecadamente vemos nos outros,caindo assim na tentação de criar verdades absolutas agarradas a pressupostos com falta de equilíbrio identificativo da nossa própria vontade...
Não podemos nem devemos querer para os outros aquilo que foram momentos nossos,e ajustados apenas e só para nós próprios...
Fazer crescer é educar e tentar ser amigo,é procurar limar com valores acrescentados os passos próprios de uma imaturidade pela qual quando jovens naturalmente passamos,e ou se está bem atento,ou então ficamos apenas por nossa conta,e isso pode ser muito perigoso...
Sinto sinceramente que os "meus" me olham com a admiração de quem foi livre de escolher o seu próprio caminho,com responsabilidade e dispensando cópias comportamentais,mas entendendo que a partir de uma "base experimentada" também podemos ramificar genuinamente o nosso próprio"eu"...
Só se vive uma vez,e tirar originalidade a um ser,é limitar as emoções que estavam reservadas para cada um,e isso eu penso que não é justo...

Custódio Cruz

Aprender com a nossa sombra,e fixar os olhos em outras...

Aprender com a nossa sombra,e fixar os olhos em outras...
"...No dia em que me silenciarem a voz,não me apagarão os gestos,no dia em que me aniquilarem os gestos,nunca farão esquecer os meus sentimentos..." CustCruz

sexta-feira, 6 de março de 2015

Algumas memórias gratificantes de um passado com uma bola redonda...



Tudo começava no balneário,entre uma azáfama de silêncios ruidosos crescia um frenesim onde se viviam os últimos preparativos para a entrada no "palco dos sonhos",num cruzamento de olhares irmanados de um só desejo,se fortalecia o nome que há muito se afirmava nas asas da história,mas que sedento por outros feitos,suspirava em nós numa ânsia viciada pelo orgulho da alma.
Nos derradeiros indicativos de articulação de vontades,dava-se espaço à voz que inspirava a medição dos passos,em uníssono se soletrava o "grito de guerra",e de seguida,quase se atropelavam numa correria que batia pés por entre o escuro daquele longo túnel que nos haveria de levar para junto de fieis adeptos,que tanto molduravam um desenho a preceito do estoiro dos limites.

Custcruz 
(82/ 83)Nacional de Iniciados


Nostalgia no Futebol,é olhar para trás e vislumbrar palcos com gente,com emoções distribuídas no olhar de cada um,com sentimentos solidários,com vontades de em cada minuto,em cada segundo,poder reagir às peripécias que de todos tomou conta na perseguição de uma só estrela.
Sentirmo-nos no meio de um estádio,entre bancadas imponentes,num tapete de relva rasa,e desfrutando do esplendor que nos enche a alma,é bom,lembrar outros trilhos ainda que mais ásperos,mas com todos os envolvimentos dessa mesma luz que nos arrepiava a pele,não foi seguramente pior.
Buscar os silêncios buliçosos do balneário,entre o entrar,o sair,e o voltar,desafia lágrimas que só podem não cair porque estamos longe de nós,sorrir feliz com o que se percorreu,é ter a certeza de que todos escrevemos um livro com princípio,meio e fim,em afinal um sentido de vida em que até se pôde escolher,e pouco ou nada se impôs...
Em cada equipa "o rosto" próprio,em cada clube a mesma filosofia,em cada anseio o mesmo sonho...

Custcruz


Impossível esquecer qualquer equipa,e se não as coloco aqui todas,é, e confesso,porque a minha vida tem sido tão complicada por vezes,que "as folgas" por incrível que pareça,não têm sido muitas para vasculhar o meu Baú de recordações.
Tem sido uma luta tremenda entre a essência que me completa em termos de personalidade,e os atritos subjacentes a uma camada de hipocrisia que cada vez mais toma conta do mundo,com a qual não sei viver,não quero,e nem me esforço para a acompanhar.
Bem,mas vamos ao que interessa,com o "pequenote" G.D,Buarcos,foram quatro anos a tentar a subida ao Nacional,quatro 2º(s) Lugares,quatro vezes Vice-Campeões Distritais,quatro títulos perdidos no último jogo,onde por força de um destino estranho,as arbitragens subtraiam com erros de palmatória a probabilidade mais do que justa de se fazer história num clube que nunca tinha estado num campeonato Nacional.
Foi frustrante,é verdade,mas pergunto eu,que significado teve para um clube como o Buarcos,fazer catapultar o respeito de uma imagem de ambição durante quatro épocas consecutivas?
De certo,valeu a pena,tanto mesmo,quanto também valeu a pena ter sido treinador também desta equipa de juniores,que como sempre,foi estruturada cá pela zona,entre "taraus" de Buarcos,"calheiros" de Quiaios,e "outros", dos Carritos,do Casal do Rato,do Alto de Brenha,de Verride,e alguns Figueirinhas,que como não podia deixar de ser,à Vila histórica diziam tanto.
Cada rosto desta foto,também tem uma história,mas ainda não é hoje que vou ter o prazer de as caraterizar e relembrar.
Quem sabe um dia o faça de uma forma mais oportuna,e honrosa,quem sabe...

O Benfica,a Naval...e uma realidade doce...

Era um título de Campeão Nacional que estava em causa,era um campeonato de topo que se poderia conquistar,com vitória em casa sobre o Belenenses,e empate no Restelo,com o mesmo desempenho perante o Torralta de Portimão,só restava um "tal" Benfica,que nos tinha derrotado por 1-0 em pleno Estádio da Luz,anotado com duas bolas aos postes dos verdes e brancos,e com uma exibição de luxo,para nos impedir a chegada à final com o Futebol Clube do Porto.
Perante a mencionada derrota (injusta),teríamos que vencer por dois golos para suplantar o "clube da águia",a Figueira estava espectante com o que iria acontecer naquele Domingo de manhã,e foi sem surpresa que mais uma vez o Bento Pessoa resistia nas costuras com uma enorme moldura humana para viver "in loco" as peripécias reservadas a um duelo entre um colosso nacional,e um pequeno grande clube,que ostentava e ostenta o galardão prestigioso de 3ª Colectividade mais antiga de Portugal.
Com a máxima perfeitamente assimilada,de que" ...O homem que não controla as suas emoções,não é seguramente melhor que o outro...",até se chegou ao primeiro golo com a maturidade de quem percorria uma época onde os medos foram sendo cada vez menos problema,mas como faltava o outro golo,e o tempo passava em favor dos que mais defendiam,"o feitiço virou-se contra o feiticeiro",e a equipa especialista no "contra-pé",deu espaços nas costas,e de forma retilínea,os vermelhos e brancos empatavam já perto do final,depois,bem...depois,já pouco ou nada havia a fazer,e a decepção transformou os "pequenos herois" em almas perdidas no"palco dos sonhos",sem esforço,o Benfica chegou aos 3-1,e vencia mais uma vez à custa de um destino amargo para os Figueirenses.
O Benfica venceu,e a Naval perdeu,então qual foi a realidade doce?
Pois bem,muitos questionavam no princípio do jogo,o que representava em termos de apoio aquela moldura humana para ver um Naval - Benfica,uns diziam que era por ser um jogo com o Benfica,e que a maioria reservava apoio ao clube da capital,e outros,como eu,acreditavam que não,porque foi mais do que evidente durante a época,que mais uma vez e como em outras ocasiões da história da Naval,o Concelho da Figueira tinha abraçado de alma e coração o clube da sua terra.
A prova,chegou com aquele final de lágrimas inesquecíveis,quando o empate se deu,aquele cenário humano dispersou apenas até às portas de saída,abrindo brechas de decepção,que apenas não se adensaram no vazio,pelo anseio de algum último suspiro milagroso que pudesse acontecer,o golpe final consumou-se,e foi um burburinho pontual que fez a festa perante um Estádio praticamente despido do envolvimento majestoso que tinha acabado de viver.
Ficou no entanto ilustrada e confirmada em rigor,a sonhada realidade doce,de que a Figueira e a Naval,se uniam num só propósito,o de elevar a nossa terra aos "pícaros da lua".
Porque em algumas derrotas também se vence,espreito para estas memórias passadas,com um orgulho emocionado,pelos que me completaram nesta odisseia em defesa da nossa terra.


Começou muito cedo,e o querer fazia transcender os desejos,ao rigor nas apostas,havia que se projetar muito mais do que só a arte do jogo,cada ser é um ser,e só tentando compreender "a alma" de cada um, se podia podia jogar com os limites de um todo,e assim,nos aproximarmos daquilo que nem sabíamos se eramos capazes,mas nos seduzia num instinto galvanizado por uma tal ambição,que nos esfriava a barriga,mas nos aquecia as pernas,que nos enchia o peito,e nos fazia voar nas asas do sonho.
Da química das nossas ilusões, soltavam-se "raios subtis"que hipnotizavam olhares,e sem quase se saber porquê,os estádios enchiam num burburinho de doces emoções,e que mais nos faziam fixar num firmamento que nunca se tinha vivido,que nunca se tinha experimentado,mas ainda assim,todos o queriam conhecer.
Meus amigos,se estas minhas palavras forem só isso mesmo,passe-se à frente,e não se incomodem com os meus hipotéticos delírios,se nos trilhos da escrita lhe encontrarem o entendimento,então desafiem-se e sigam em frente,quem sabe apostar naquilo que aparentemente não se vê,possa ser um segredo como o era para nós.
Terá sido este o ano da despedida?
Confesso,que quando aceitei este desafio na margem sul,o fiz por diversas razões,mas sem dúvida,que a minha teimosia em contrariar quem me quer mal, se revelou motivação de fulcro para que o sol do futebol, voltasse,e mais uma vez,a fazer brilhar um rasto que como sempre foi,e sempre será,terá o desenho que eu bem quiser,e bem entender,e se o risco era de novo um clube pequeno,mais aliciante e desafiador se revelava a minha vontade de dar um "pontapé à meia volta" em "compradores de consciências",e abraçar aquela luz de um sonho que sempre construí na força das minhas genuínas convicções.
Não caí,com as previsões dos pacóvios ,mas sim, reforcei uma imagem capaz de não negar nada do passado,e constituir pesadelos presentes que os afrontam como que por encantamentos ardentes,e aos quais não lhe conseguem apagar a fúria...
Vencer mentalidades,foi "o maior arrepio" que aqui tive, e que também mais desejei,unindo jovens envoltos numa história que dividia os "leirós" e os cova-galenses,e que hoje por lá continuam,mais amigos do que nunca,e com resultados sempre melhores...
Foi mais uma equipa onde para além dos citados,a alma Figueirense foi só uma,com jogadores da Figueira,de Quiaios e da Serra da Boa Viagem,a caminharem num abraço que ainda hoje o sinto de forma gratificante.
Obrigado malta,por não me deixarem cair...
Se um dia volto?
Olhem,lembram-se daquele meu sorriso distante?
Vá lá,fiquem bem...


Depois de ter chegado "ao céu" de verde e branco,desci à terra para recomeçar de novo,à terra onde nasci,onde provei para mim mesmo que a sorte também se constrói,também se conquista,e também assim nos faz retomar os trilhos para os quais estamos predestinados.
Foram cinco anos com grandes emoções,a escrever as páginas de um livro que também um dia poderei vir a lançar,para dar a conhecer como com pouco se pode fazer tanto,e com a força dos sonhos se pode chegar "ao céu" as vezes que quisermos.
Fica a promessa...


Depois de uma partida,o regresso,com direito a Taça e tudo mais...
Olho para os caminhos que já percorri,e cada vez mais os "maus momentos" se diluem na certeza do que de bom me amparou na sorte de ter encontrado seres humanos tão presentes na minha história de vida...
Lembrar cada um destes meninos,é confrontar a memória com as trajetórias que hoje os alicerçam como homens,e neles sentir em cada oportunidade de cruzamento,o sentido de justiça com que raramente sou "premiado" pelos "pavões do futebol".
Ter nos Senhores Tó Valadas e Bento,o apoio para este regresso à Naval,foi a cereja no topo,de um sonho que me fez regressar a casa,e me haveria de ligar mais ainda ao meu clube do coração.
Obrigado a todos,e tenham como certo que jamais vos esquecerei...



Já as mães gritavam que estava na hora,já os pais se abeiravam da janela com cara de poucos amigos,mas caramba,era só mais uns toques,era sentir a despedida de um dia em que a redondinha nos tinha sido mais uma vez fiel,era "cortar nela" com um amor capaz de a fazer brilhar como nunca,era fazer bailar uma sombra que libertava os últimos sorrisos,as últimas gargalhadas,os últimos suspiros,os derradeiros arrepios de uma Paixão que nos há-de acompanhar também até ao último dia das nossas vidas.
Então,até um dia destes,quem sabe os que amam verdadeiramente o futebol se voltarão a reunir.
Quem sabe...


Custcruz