Nem sempre "as situações dramáticas" têm um mau final...e melhor ainda é, quando o "instinto humano" age numa proporcionalidade capaz de provar ao mundo, que a vida seria muito melhor se "cada ser" vivesse atento, e num perfeito alerta sob. aqueles que estivessem mais próximos de si...
Fossem crianças ou adultos,fossem novos ou velhinhos,fossem pretos ou brancos,amarelos ou que quer que seja...
Eu não conheço estes heróis tirando o tal "Laureano" que suponho dever pertencer a uma "família de bem" da Cova-Gala,mas deixem que vos diga humildemente que tenho um enorme orgulho em vós,não só por serem da minha terra,mas fundamentalmente por se revelarem "seres humanos por excelência"...
Custódio Cruz
“As crianças estavam a ser arrastadas pelo mar e empurradas contra as pedras. Bastava mais uns segundos para ser uma tragédia." Os momentos dramáticos vividos anteontem na praia da Figueira da Foz são recordados por João Traveira, porta-voz de um grupo de praticantes de bodyboard que salvou três crianças – uma menina e dois meninos, entre os seis e os nove anos – de morrerem afogadas.
A mãe de uma delas também foi arrastada pela corrente quando se atirou ao mar para as tentar salvar mas foi resgatada pela Polícia Marítima. "Se não estivéssemos ali naquele momento, eram quatro mortes", conta João Traveira, empresário de 33 anos.
O grupo de 11 amigos estava "a surfar" próximo do molhe norte quando foi alertado pela sirene da Policia Marítima que fiscalizava a zona. Ao aperceberem-se de que eram crianças que estavam a ser arrastadas pela forte corrente e atiradas contra as rochas, temeram o pior: "Naquele local perigoso sabíamos que era uma questão de segundos." Nem precisaram de falar. Avançaram para a zona onde as crianças e a mãe, aos gritos, em pânico, se debatiam com a força das ondas. "A preocupação era mantê-los vivos", conta.
O desafio seguinte era vencer a corrente com eles ao colo e levá-los para terra firme: "Não foi fácil. Mesmo com pé, não conseguíamos progredir." João Traveira acredita que se não fossem os 11 "estaríamos a lamentar quatro mortes".
Enquanto venciam a corrente, uma lancha da PM resgatava a mulher, de 42 anos. Segundo Rui Amado, comandante da Polícia Marítima, a mulher apresentava princípio de hipotermia e foi levada ao hospital, tal como duas crianças com escoriações.
As vítimas faziam parte de um grupo de amigos que reside em Coimbra e foi passar o dia à praia. No areal, estavam casais com os respetivos filhos. Enquanto as mulheres estavam na praia com as crianças, os homens encontravam-se no molhe a pescar, "virados para o lado oposto" da zona onde se viveram os momentos dramáticos. Nem sequer se aperceberam do que aconteceu. "Só quando tudo acabou e já estávamos na praia é que deram conta", diz João Traveira, que elogia o sangue-frio que, apesar de tudo, as crianças revelaram.
(O grupo dos 11: João Traveira, Pedro Rodrigues, Marco Espada, Rui Ferreira, Danny Lucas, Tiago Felício, Rui Mateus, Joao Panhó, Fabio Laureano, João Serpa e André Mateus).
(In "Correio da Manhã )