Afinal a vida foi,é...e será sempre um desafio na sequência sólida de percorrer caminhos que se ajustem à reflexão equilibrada e tolerante, onde os projetos nunca acabem, e se definam cada vez mais naquilo que queremos ser, e não no que os outros querem que nós sejamos...
Perceber que refletir e concluir são atos que não podem estar confinados apenas ao reflexo daquilo que experimentamos sozinhos, ou obcecadamente vemos nos outros,caindo assim na tentação de criar verdades absolutas agarradas a pressupostos com falta de equilíbrio identificativo da nossa própria vontade...
Não podemos nem devemos querer para os outros aquilo que foram momentos nossos,e ajustados apenas e só para nós próprios...
Fazer crescer é educar e tentar ser amigo,é procurar limar com valores acrescentados os passos próprios de uma imaturidade pela qual quando jovens naturalmente passamos,e ou se está bem atento,ou então ficamos apenas por nossa conta,e isso pode ser muito perigoso...
Sinto sinceramente que os "meus" me olham com a admiração de quem foi livre de escolher o seu próprio caminho,com responsabilidade e dispensando cópias comportamentais,mas entendendo que a partir de uma "base experimentada" também podemos ramificar genuinamente o nosso próprio"eu"...
Só se vive uma vez,e tirar originalidade a um ser,é limitar as emoções que estavam reservadas para cada um,e isso eu penso que não é justo...

Custódio Cruz

Aprender com a nossa sombra,e fixar os olhos em outras...

Aprender com a nossa sombra,e fixar os olhos em outras...
"...No dia em que me silenciarem a voz,não me apagarão os gestos,no dia em que me aniquilarem os gestos,nunca farão esquecer os meus sentimentos..." CustCruz

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Crónica longa e chata de um "piscar de olhos" ao meu passado pelo Futebol de paixões genuínas...


Fotos Mané Amaro

Quem me dera andar mais livre com a minha alma,poder rever mais vezes os meus amigos de coração e sentir de novo como as suas emoções um dia também me pertenceram,encontrar adeptos de um carisma que preenchiam a minha vontade de não os deixar mal,e viver de novo o fervor dos clubes que abraçaram e confiaram nas minhas formas de ver,viver e sentir a paixão pelo futebol...
Domingo,2 de Fevereiro de 2014,e em tempos de dias tão escuros e frios como os que têm acontecido,quis aquele sol aberto e brilhante iluminar a ponte sobre o rio Mondego,caminhando eu pela zona ribeirinha,olhei para o seu sentido e decifrei-lhe as intenções,respirei fundo,e deduzi a tal certeza na lembrança...
Entre conversa de amigos se divulgou durante a semana que no campo do cabedelo se antevia jogo de monta,entre duas equipas de tradições afirmadas,e onde uns tipos mais vestidos de negro tentariam colocar o azul e branco dos homens do mar a marcar passo num sonho que os projecta para os lugares cimeiros.
Desliguei-me das agruras da vida e voei ponte fora até àquele palco que tão bem conheço,para cá do muro estremeci com "o grito dos guerreiros",e assim apressei-me a entrar no jogo sem que fizesse parte para além das quatro linhas,fui identificando cada "artista" e coloquei-me a preceito na procura de ângulos que não desvirtuassem aquilo que conheço de cada um deles,ainda que na surpresa por ali pudesse aparecer "algo" de novo,e sei lá alguma revelação que me arrepiasse a mente.
O Cova-Gala comandado por Rui Camarão rapidamente me fez sentar no muro das emoções contidas,chiça,começavam bem para as perspectivas que me acompanhavam na antevisão,com o Vítor Hugo e o Rabita no eixo,desenhava-se uma "circulação atrevida" e em zonas proibidas para perdas de bola,ainda assim,com muita segurança e ligação quase perfeita com as linhas de construção ofensiva,e numa personalidade de jogo que diferenciava claramente uma equipa da outra.
Se André Mora era mais espectador do que interveniente,já Dany igual a si próprio no equilíbrio entre o posicionamento defensivo e o risco calculado nas incursões pelo flanco esquerdo ajudava a alimentar diagonais alternadas entre o João Vasco e o Paulo Bio(acho eu!!),com o Tuka bem ao seu estilo,e assim como que a modos que contrariado com o seu posicionamento táctico,não deixava no entanto por mãos alheias o seu comando na ligação com os mais operários Sá,Patrick e Paulito,que tentavam desequilíbrios na frente de ataque como alicerces para as movimentações do codicioso Zé Duarte.
Terminada a primeira parte,ficava muito clara a razão porque uma equipa tem posição mediana na tabela,e outra ainda sonha com lugar "destacado" na pauta classificativa,no entanto,para quem seja um apaixonado por este jogo de encantos tão contraditórios quanto sedutores,teria sempre que reconhecer que o Marialvas também tinha méritos muito significativos para quem admira posturas tácticas e de forte índice mental,pois os de Cantanhede,capitaneados por um figueirense de seu nome Arlindo,tinha nesta referência já de idade muito vivida na modalidade a imagem de marca de uma formação onde a mescla entre a maturidade e a irreverência se conjugavam à força de muito diálogo,incentivos,e sem regatear esforços por um posicionamento colectivo onde os riscos eram poucos ou nenhuns,mas sempre dispostos à possibilidade de uma qualquer surpresa que contrariasse a tendência do jogo.
O Cova-Gala chegou ao intervalo também empatado,porque à sequência de deliciosos lances nas laterais,e de onde surgiram cruzamentos em forma de meio golo,menos bem estiveram os dianteiros que com uma má leitura e movimentação para a concretização nunca apareciam no sitio certo para marcar essa diferença mais do que merecida entre uma e outra formação.
E como quem não mata morre,e não deslustrando no tal pragmatismo "marialvino",no início da 2ª parte,e vai daí,mais um pontapé para a frente e com a ajuda do vento e do desequilíbrio de um jogador da casa a "coisa" foi parar à mão,e pronto,de penalty passaram os forasteiros para a frente no marcador.
Se a equipa da casa não reagia bem a este golo sem saber ler nem escrever,já João Vasco de seu nome enchia o campo com o seu inconformismo e engenho técnico,deliciando os presentes com toques mágicos quer para a construção colectiva,quer na sequência dos intentos meramente individuais que carregavam a espaços a equipa ás costas,agora já com a ajuda de João Daniel que entretanto entrara a pautar o jogo assim ao estilo do muito afamado Angelino da Praia da Leirosa,executando a geometria capaz, e que proporcionou movimentações e investidas à área contrária que acabaria por dar a possibilidade concretizada de também de penalty se fazer o empate na contenda,e com o protagonismo exímio de João Vasco mais uma vez.
Meu Deus João Vasco,o que é que andas a fazer com tanto talento pelos "palcos apenas feitos de Paixão",tanto dinheirinho atirado fora para quem precisa e tanto tem,mesmo que as tuas "paragens de cérebro"tivessem que de novo ser advertidas.
Que grande jogador!
O certo é que o Marialvas haveria de dar um ar da sua graça no aproveitamento de uma contra-ofensiva,e numa jogada bem gizada  voltaria a chegar à vantagem.
Com o banco dos de cantanhede a gerir bem o jogo e o tempo de substituições,quebrando ritmos que lhe pudessem ser adversos ou imprudentes,o tempo foi passando com muitos dos presentes fora das quatro linhas inconformados com a história do jogo,mas afinal com uma história tantas vezes vivida e exprimentada no futebol, por aselhice de uns, e mérito de outros,mesmo que até pareça que me estou a contradizer.
Rui Camarão,joga entretanto o tudo por tudo com a entrada de Patego,que no tempo que lhe foi concedido mais apruma a dinâmica na ligação entre a construção de jogo e a frente de ataque,ainda com Ivo Gil a complementar uma maior mobilidade ofensiva,foi com estas apostas e sem surpresas que Paulo Bio agora sim e na sequência de mais um lance emanado lá dos espaços "do todo poderoso",lendo bem o jogo, e a estoirar de pronto para o fundo das redes,estabeleceria a igualdade em um jogo que depois e até final mais não se alterou no marcador.
Gostei de ver e cumprimentar o grande Presidente Fábio,gostei de sentir de novo a força que faz uma claque da Leirosa na defesa de um clube de rivalidades sãs e antigas,gostei por entre os meus silêncios de observar tudo aquilo que me fizesse lembrar que para além da minha Naval,do meu Buarcos,e do meu Maiorca,também um dia fui muito feliz na minha passagem pelo nosso Cova-Gala.

Quanto à arbitragem do jogo,João Calado falou pouco e não complicou a vida a ninguém,antes pelo contrário e pelo meio de compensações disciplinares articulou-se com o fiscal de linha Zé Costa,e fez vista grossa a uns "malhanços" em pernas alheias que até me arrepiaram os cabelos dos pés,já a Célia Gonçalves via-se que era uma "boa menina",mas que de foras de jogo não percebia patavina,e aí, ficou o azul a queixar-se mais do que o preto.
O resultado ?
Há pois,melhor clarificando,Cova-Gala 2 Marialvas 2...
Para quem chegou ao fim desta crónica,aquele abraço sentido de muita saudade e respeito pelo passado,e até um dia destes se a vontade me acompanhar...

CNC