Afinal a vida foi,é...e será sempre um desafio na sequência sólida de percorrer caminhos que se ajustem à reflexão equilibrada e tolerante, onde os projetos nunca acabem, e se definam cada vez mais naquilo que queremos ser, e não no que os outros querem que nós sejamos...
Perceber que refletir e concluir são atos que não podem estar confinados apenas ao reflexo daquilo que experimentamos sozinhos, ou obcecadamente vemos nos outros,caindo assim na tentação de criar verdades absolutas agarradas a pressupostos com falta de equilíbrio identificativo da nossa própria vontade...
Não podemos nem devemos querer para os outros aquilo que foram momentos nossos,e ajustados apenas e só para nós próprios...
Fazer crescer é educar e tentar ser amigo,é procurar limar com valores acrescentados os passos próprios de uma imaturidade pela qual quando jovens naturalmente passamos,e ou se está bem atento,ou então ficamos apenas por nossa conta,e isso pode ser muito perigoso...
Sinto sinceramente que os "meus" me olham com a admiração de quem foi livre de escolher o seu próprio caminho,com responsabilidade e dispensando cópias comportamentais,mas entendendo que a partir de uma "base experimentada" também podemos ramificar genuinamente o nosso próprio"eu"...
Só se vive uma vez,e tirar originalidade a um ser,é limitar as emoções que estavam reservadas para cada um,e isso eu penso que não é justo...

Custódio Cruz

Aprender com a nossa sombra,e fixar os olhos em outras...

Aprender com a nossa sombra,e fixar os olhos em outras...
"...No dia em que me silenciarem a voz,não me apagarão os gestos,no dia em que me aniquilarem os gestos,nunca farão esquecer os meus sentimentos..." CustCruz

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Saudades,é o que é...






De quando em vez,mergulhando no baú de recordações da minha passagem pelo Futebol Jovem...



Estávamos em 1982,depois de terminada uma época de sonho na categoria de iniciados e ao serviço da Naval 1º de Maio da Figueira da Foz,havia que construir uma outra equipa na mesma categoria que tentasse voltar a erguer aos "píncaros da lua" o nome de um clube que era o orgulho dos Navalistas,por uma história admirável e sustentada "no título" da quarta colectividade mais antiga de Portugal,o que só por si transmitia uma mística e dimensão associativa que contagiava não só os Figueirenses,mas muitos mais como aqueles que faziam parte do pleno futebol feito de pureza,e que nos seus sonhos equacionavam um dia vestir a camisola verde e branca do clube figueirense.

Ouvi falar em um miúdo que se fazia transportar de bicicleta para os treinos e jogos do Praia da Leirosa,e que ao que diziam,era um perfeito terror dentro das quatro linhas para cada adversário que lhe aparecesse pela frente.
Bom,como já o tinha feito tanta vez,porque não ir na sua procura para aquilatar da possibilidade de o trazer para a minha equipa de iniciados da Naval,e na época 82/83,concretizada a missão deparei com um ser humano muito simples,muito dedicado e apaixonado pelo jogo,e muito amigo dos seus semelhantes.
Foi como conquistar dois em um,um bom elemento sob.o ponto de vista técnico,e uma mais valia para um balneário que sempre precisava de bons exemplos humanos para que a equipa se tornasse mais forte.
Ao tempo,já eu dedicava uma enorme atenção para a polivalência no futebol,como todos os jogadores,também o Humberto foi testado em várias posições,e mesmo nos jogos, nunca ele e aliás como ninguém,tinha a segura certeza de que o seu lugar iria ser o da última vez.
Ainda assim,pois é evidente que o molde das minhas convicções lhe desenhou uma trajectória que o fez jogar mais vezes nuns lugares do que em outros,e depois as necessidades e debilidades da equipa que tinha à minha disposição,"obrigavam-me" a potenciar e mesmo a sonhar com desidratos individuais que lhe dessem a dimensão que perseguisse as tão almejadas vitórias.
O Jorge Humberto do Carriço(Louriçal),tinha em campo uma atitude de enorme agressividade e ambição,tudo dentro das regras do jogo,mesmo ainda que até mordesse a língua em cada lance,ouvia cada palavra das indicações técnicas e interpretava-as num rigor que até fazia impressão,e se num jogo eu tinha um problema com algum avançado contrário que "descaísse" bem à esquerda,eu colocava por lá o Humberto,e deixava de me preocupar com a ameaça de um qualquer talentoso que perante a impetuosidade leal deste "baixinho",ficava quase sempre anulado nas intenções de ataque à nossa baliza.
Na verdade e no entanto,faltava-me um bom ponta de lança para a equipa,e passado uns tempos tive mesmo que voltar a olhar para o Jorge,agressivo como já o referi,bom de bola,codicioso e inteligente nas movimentações ofensivas,expedito na atitude do remate,rápido nas diagonais,acabei assim por ganhar o melhor marcador daquela época na categoria de iniciados.
Hoje,e como quando em vez impulsionado pela saudade,rebusquei o meu baú,e encontrei um dos meus manuscrito onde o tal miúdo da bicicleta que jogava no Praia da Leirosa está certificado como o Melhor Marcador da 1ª Fase Distrital.
Se depois se veio mesmo a certificar como um verdadeiro goleador ao longo da época?
Juro que sim,nunca perdeu o hábito de fazer golos,e com isso a vontade enorme de ser feliz e espalhar essa felicidade em conjugação com uma verdadeira equipa na acepção da palavra.
Grande Abraço Humberto da Padaria Dionízio,foi com grande honra que que hoje digo a quem se interessar por isso, que foste meu jogador,e mais do que isso também,que ganhei um amigo daqueles que não se encontra facilmente.
CNC