Medo!
Que sentimento tão estranho.
Todos o vivemos é verdade.
Muitas são as vezes em que o medo suporta o peso do nosso corpo,
dificulta a acção,
mas estimula a afirmação.
Cativa a adrenalina,
e estabelece o vigor das nossas convicções,
desafia-se a si próprio,
e surpreende-nos nas emoções.
Medo!
Oscilamos na audácia,
e passamos a pensar de mais e agir de menos,
deixamos de sonhar acordados,
e automatizamos a mente,
repetimos as respostas e não experimentamos outras perguntas,
acomodamo-nos nos resultados
e moldamos o tamanho dos nossos passos.
Medo!
Enrolamo-nos em certezas viciadas,
e já quase tudo também temos como certo.
O pior,
é quando o medo nos passa a perna,
nos manipula a essência do ser,
e lhe perdemos o controlo.
Aí tanto faz ser o que se é,
porque também deixamos de ser o que deveriamos ser.
Medo!
Só tem o verdadeiro medo quem é apanhado pelo que se lhe diga,
de resto sem o medo a vida era improvável,
e só com ele se pode percorrer um caminho em linha recta.
Custódio Cruz