Por montes e vales se espalha o que me resta das emoções,
conformadas num vazio onde já se não reconhece nada para além do muito que nos pertence...
Tombado no mundo me sinto caído mas não derrotado por ninguém,
estendido na mente desfruto das certezas que poucos entendem,
mas são "esses poucos" que são tanto e o suficiente para me sentir poderoso para além dos que podem...
Irei acabar na miséria?
E isso o que importa?
De que foi feita a vida antes daquilo que hoje existe?
De dinheiro?
De grandes casas?
De grandes carros?
De grandes títulos?
Então onde estão todos os que o conseguiram?
Não os vejo,e pior do que isso não os sinto,deixaram tão pouco que ninguém os ouve,não marcaram ninguém,não deixaram nada por entre tantos onde poucos se distinguiram...
Sim,poucos,porque ouve alguns que se juntaram àqueles que ainda assim tinham também pouco dinheiro,viviam em casotas miseráveis ,andavam a pé, e não eram reconhecidos com livros concretizados com o vazio das mensagens...
Que importa ter amigos aos trambolhões,se tão fácil o é num mundo onde só por si rola a hipocrisia dos sorrisos,onde ninguém fica certo de nada,e onde ninguém é amigo de ninguém...
A vida não é só o que parece,mas muito mais se certifica no que se oculta,e enquanto o epílogo não se precipita,só uma certeza resta e não incomoda,que os olhares não se dispersem, e estejam presentes na companhia de um contraditório que não se odeia tanto assim...
Custódio Cruz