Tenho um carinho muito especial pelas coletividades de uma qualquer localidade, porque sei o que estas representam enquanto intervenção para bem das populações. Enquanto as pessoas vivem o dia a dia fora destas, acumulam muitas vezes "detritos emocionais" que as prejudicam, e quando à noite regressam a casa, a ânsia é poder ir até à sede, encontrar os amigos e esquecer os telejornais, conhecer novas pessoas e desfiarem novas perspetivas, desafiarem-se numas boas cartadas e vencerem as preocupações, ensaiarem um teatro de sonhos, ou musicalizarem os seus passos de dança.
Já quando o fim de semana chega, são tantos aqueles que se preenchem de alegria e satisfação pelos méritos puros e despretensiosos do verdadeiro povo, ou porque a bola salta em ilusões feitas de amor, ou porque chegou a hora de dar a conhecer as emoções e identidade a outras freguesias ou aglomerados sedentos de depararem com a novidade cultural. As coletividades desafiam-se no bem comum, merecem de todos nós um respeito que ultrapassa o favor de quem e o que quer que seja, mas que só são realidades doces pela carolice e paixão daqueles que se expõem, e muitas vezes se arriscam socialmente a apreciações injustas e incongruentes. Falar do Gdr Chã , é dar a conhecer o conceito plenamente concretizado de uma coletividade por excelência, onde os segredos do êxito de intervenção social têm rostos perfeitamente identificados e reconhecidos, e por isso mesmo, desta feita não avanço com nomes, porque o respeito que evidenciei no início deste texto, se foca numa equipa que só quem por lá está a pode dar a conhecer. Parabéns Grupo Desportivo e Recreativo da Chã, que a tua vida seja infinita, porque cada vez mais se vislumbram por aí conceitos egoístas, e só a preseverança de quem é fiel aos bons princípios pode florescer e fazer preservar uma vivência socializante sem credos nem diferenças de qualquer espécie.
Num dia onde os alaridos do povo pontificam um pouco por cada canto da nossa cidade,estranho o teu silêncio, tenho saudades da tua presença festiva, arrepio-me com o intervalar de uma história feita de um vigor que preenchia esta data com brilhos projetados pelo passado,que alimentavam o desafio do presente, e criavam as expectativas de futuro.
No 121º Aniversário da Associação Naval 1º de Maio da Figueira da Foz, escreve-se mais uma página da quarta coletividade mais antiga de Portugal, e embora sabendo e aceitando a vida com as vicissitudes mais negativas e positivas, ou mais alegres e mais tristes que lhe são inerentes, depois de um trajeto sólido e capaz, nada fazia prever que hoje o futuro esteja tão perdido no horizonte, e mesmo ali não se vislumbre a proa de uma nau que desafiou tantas vezes ondas e marés,com a raiva, o orgulho, e o vício repetitivo de vencer...
Resta a esperança de quem vive, sobra o sonho de quem deseja, confia-se no milagre no qual já ninguém acredita...
Para mim, a Naval é eterna, e só se apagará do meu possível imaginário quando a vida assim o quiser, e não quando eu ou alguém o escolher...
Naval 1º de Maio de sempre, e para sempre !!!
Custódio Cruz