Bolas de sabão,
são como projectos de difícil idealização...
Por tanto as querer-mos ver a deambular no vento,
enchemos,enchemos,mas sempre com o cuidado na intensidade de sopro,
para que o seu brilho e transparência nunca se faça rebentar,
sem ser por si próprio,
sem ser por si próprio,
e assim o sonho de as ver livres e garbosas
se concretize e nos delicie a mente...
É como que deixar parar o tempo e visualizar os seus trajectos desconcertantes,
em um silêncio sentido seguir-lhe o ondular de silhuetas de requintada áurea luminosa...
Elas dependem de nós,
e nós dependemos delas...
Nós não podemos só querer,
mas também saber dar a liberdade ao seu movimento original...
Se nos limitarmos só ao nosso interesse,
caímos na solidão de um sentido e rumo labiríntico,
e de tanto correr,
até pensamos que temos o mundo na mão...
A incoerência começa por nós,
porque entendemos que se as enchemos de ar
também devem fixar o seu brilho num limite orientado à nossa volta,
e não há nada mais errado do que isso,
nada mais limitativo de uma liberdade individual que se quer respeitada,
até porque elas nos podem encantar na contradição...
Se elas fogem,
logo corremos para as apanhar,
e pelos movimentos bruscos desse dado momento
fazemo-las estoirar num só segundo,
sem lhes dar a oportunidade de que por elas mesmo regressem ao seio de quem as criou...
Controlar,controlar,controlar,
só saber controlar!...
Pois é,
nada de limitar a liberdade das outras "coisas",
porque se corre o risco de nós próprios ficarmos presos a um só movimento...
Bolas de sabão,
são lindas porque as deixo nascer,viver...
e morrer só por elas próprias...
Custódio Cruz