Paraste desiludida,
afinal de contas cansada de levar tanta porrada...
Sempre pronta a criar ilusões,
silenciavam o sentido da tua pureza,
iluminada por um brilho concretizado no sonho,
cravaram-te pontapés com um jogo que não era o teu...
Admiro-te,
porque resistes o tempo todo a enredos tão maquiavélicos quanto insípidos na essência do jogo...
Adoro-te,
pela magia imprevisível com que ao troçares com "outros" me fizes-te gargalhar emoções de vitória plena...
Entre o que querias e para onde te empurravam,
deambulavas tu em trajectórias que davam golo fora dos tempos previstos,
e nesse fim tão irónico,
piscavas-me com a esperança que nunca nos haveria de abandonar...
Bem sei que ninguém está a perceber o que só nós entendemos,
mas também o que mais interessa foi os amigos que ganhámos...
Olhar para ti nesta foto,
é também sentir o brilho do sol antes do jogo começar,
é saber o quanto aquela manhã ou princípio de tarde mexeu e ainda hoje mexe em arrepios de saudade,
é lembrar de novo aquela correria depois do golo que nos enrolava a todos entre lágrimas de um contentamento tão forte e solidário...
E mesmo que nem sempre assim fosse,
éramos num só e só contigo que se erguia a fé com que dobrávamos a tormenta da derrota...
O tempo passou,
e o presente por aí anda quem sabe com outros tantos desenhos que nós continuamos a não saber colorir...
Tenho saudades tuas,
tu ficaste e eu vim embora,
tu continuas a dançar no "geito" com que te quiserem escolher,
já eu,
expectante por aí ando para ver até onde tudo isto chega...
Definitivamente,
será muito pouco provável,
que o improvável se volte a tornar realidade...
Custódio Cruz