Por respeito e no anseio do envolvimento consensual na reflexão do ser humano, onde a multiplicidade de credos me parece tão uniforme na essência objetiva da conversão dos caminhos para a fé, a ideia que nos pretendem dar de cada uma das religiões é o fazer prevalecer as suas próprias convicções e práticas.
Se convicção significasse verdade, nada teria a opor às suas práticas, mas como tal assim nem sempre o é, ao que me parece sinceramente é que em todas elas se misturam seres e orientações quer obcecadas ou descaracterizadas sob o ponto de vista da tal essência humana, que mais afastam e complicam o trilho tão simples do apenas acreditar.
No entanto, quero deixar bem claro que não generalizo esta atitude à totalidade dos corpos religiosos ou não religiosos, mas mais do que nunca, e até por força dos complicados momentos que o mundo vive, as pessoas procuram insistentemente "algo" que lhes possa dar esperança, que lhes possa proporcionar rumos de uma fé que os salve, e não os confunda ainda mais, num tal estado de alma, que só se alcança numa paz de espírito que nos preencha no amor, na amizade, e no respeito pelo próximo, naquilo com que será preciso saber ver e ouvir, e mais do que nunca, ter o simples ato da humildade no aceitar das lições da pura transparência humana nos "palcos da vida".
Ao invés, alicia-se o "crente" com dádivas e promessas de cariz hipoteticamente transcendente, mas só para quem fizer á risca a leitura dos cardápios escritos e estudados cientificamente, e negando sempre o preciosismo natural da individualidade, naquilo que afinal de contas um qualquer Deus que exista, nunca o seria se não sentisse o arrepio sublime da surpresa nascida até de um pouco, que melhor possa traduzir o mais que tudo do que já existia até ali...
Deus será Deus, mas como um pai, também será com a luz do seu sorriso que se envolverá em cada passo dos seus seguidores, mais feliz ficará se sentir a empatia evolutiva das suas letras, palavras e sentimentos, e isto ao contrário do convencionado, nunca se erguerá em qualquer topo ou supremacia de qualquer espécie.
É assim que me sinto próximo de um Deus que um dia gostaria de encontrar, é assim que nesta quadra santificada pelos cristãos,gostava que houvesse coragem e devoção de também com todos os outros e em uníssono, se pudesse refletir naquilo que podíamos ser em todos os dias, onde não faltarão de certo exemplos de crucificações injustas,e emanadas de um Diabo a quem ninguém seguisse nos passos martirizantes...
Nunca ninguém pode garantir que ao bem é fiel, mas tudo se poderá tentar fazer para que ao mal nunca se seda, pois no meio destas certezas e incertezas, acredito que será o modo a aprumar a tolerância e o equilíbrio capaz de servir para todos independentemente das suas realidades materiais, culturais ou sentimentais...
Cada um está dentro de si, sair ao encontro dos outros poderá ser uma aventura que nos fortalece e solidifica mais ainda, regressar à genuinidade do seu próprio âmago, será fácil e aceitável quando o respeito nos aproxima uns dos outros.
Por fim,pergunto a mim mesmo, mas quem serei eu para lançar esta missiva a quem a quiser ler, que credibilidade terei para o fazer, e que sustentáculos terei escolhido para a alicerçar?
Olhem, apenas vos posso entregar o segredo, na forma como ergo o queixo pela força instintiva com que os pulmões me preparam um novo fôlego, somente vos posso tentar fazer acreditar, como com o quanto a minha consciência está pronta para atravessar a noite em paz, e entretanto o dia em liberdade plena, de resto, não estou a fazer nada de mais, pois com as somas do que já sabia, apenas subtraí o inútil e o falso, e ainda que esteja exposto ao rebater das minhas convicções, sinto com isso e afinal de contas a aproximação ao repto a que me propus em conjunto com quem o quiser experimentar para o bem do mundo...
Não escolhi propositadamente a Páscoa como marco de fé para refletir em Deus, mas foi o seu envolvimento factual e emocional, que me espevitou as tão próximas analogias do tempo presente com aquilo que se terá passado à tanto tempo atrás...
É...e isso deu-me que pensar...
Um bom Domingo de Páscoa para quem a tenha no coração, e outros bons dias celebrativos da fé, para quem se sinta diferente mas sempre o mais próximo dos seus semelhantes...
Custódio Cruz