Afinal a vida foi,é...e será sempre um desafio na sequência sólida de percorrer caminhos que se ajustem à reflexão equilibrada e tolerante, onde os projetos nunca acabem, e se definam cada vez mais naquilo que queremos ser, e não no que os outros querem que nós sejamos...
Perceber que refletir e concluir são atos que não podem estar confinados apenas ao reflexo daquilo que experimentamos sozinhos, ou obcecadamente vemos nos outros,caindo assim na tentação de criar verdades absolutas agarradas a pressupostos com falta de equilíbrio identificativo da nossa própria vontade...
Não podemos nem devemos querer para os outros aquilo que foram momentos nossos,e ajustados apenas e só para nós próprios...
Fazer crescer é educar e tentar ser amigo,é procurar limar com valores acrescentados os passos próprios de uma imaturidade pela qual quando jovens naturalmente passamos,e ou se está bem atento,ou então ficamos apenas por nossa conta,e isso pode ser muito perigoso...
Sinto sinceramente que os "meus" me olham com a admiração de quem foi livre de escolher o seu próprio caminho,com responsabilidade e dispensando cópias comportamentais,mas entendendo que a partir de uma "base experimentada" também podemos ramificar genuinamente o nosso próprio"eu"...
Só se vive uma vez,e tirar originalidade a um ser,é limitar as emoções que estavam reservadas para cada um,e isso eu penso que não é justo...

Custódio Cruz

Aprender com a nossa sombra,e fixar os olhos em outras...

Aprender com a nossa sombra,e fixar os olhos em outras...
"...No dia em que me silenciarem a voz,não me apagarão os gestos,no dia em que me aniquilarem os gestos,nunca farão esquecer os meus sentimentos..." CustCruz

domingo, 4 de abril de 2010





Faz amanhã um ano que a minha mãe partiu...

Pensei que seria o fim de uma história de amor...como as demais que não se alimentam... e que se não morrem... enfraquecem para sempre!...

O certo é que tudo está igual ou pouco mudou...o amor continua vivo...e nada nem ninguém consegue apagar aquela chama de uma "vencedora..." de uma vida imparável e comandada com o privilégio do coração...

Tantas histórias de vida tinha para contar desta "guerreira sem par..."onde a inteligência natural de um ser diferente... combinava a preceito com os instintos de quem ama não por amar...mas pela subtil escolha de quem só era feliz...se à sua volta a felicidade imperasse...

Ficou assim a saudade e as lembranças de um trajecto...onde o seu coração comandou a grande parte da sua...e das "nossas" vidas!..

Tivemos sempre uma "casa pequena..."porque ás circunstâncias de um dado momento de vida...a minha mãe abria as portas do amor dando guarida e compaixão a quem precisava...mesmo muitas vezes a quem ao nosso sangue nem pertencia...

Já a "panela era grande..."

Dizia ela...que não conseguia fazer pouco comer...e que até calhava bem...porque podia ser que fosse preciso para alguma visita inesperada...

Quando esta visita não aparecia...tínhamos como certo comida aquecida para o outro dia...porque também dizia ela...que era um pecado deitar fora aquilo que no mundo tantos desejavam ter... e não conseguiam...

Era esta a DªMaria Augusta...que vendeu amendoins,bolacha americana,castanhas,foi empregada no grande hotel e também nessa condição até viveu no Palácio Sotto Maior...

Pois!...não fazia de rica...mas também "não era um pau mandado..."(nem pouco mais ou menos...)e por isso desfrutava dos enormes corredores e "não se perdia no vazio..." daquelas salas sociais...que lhe diziam pouco ou nada...mas também não incomodavam o espaço de quem sabia estar no seu lugar... e também assim conseguia ser feliz por viver num palácio...

Era como espalhar o seu perfume e charme de um enorme ser humano... mesmo que pobre monetariamente...evidenciar a "personalidade muito rica..." na solidez do seu espírito...

Sempre se respeitou...e fez respeitar...

As lições ela deixou-mas...os caminhos escolho eu...

Foi isso que ela me ensinou...e até para a sua "ausência..." ela me quis precaver... quando referia de tempos em tempos:

"...caminha filho...que eu qualquer dia morro..."

Pensava que estava sempre com aquela brincadeira só para me chatear...

Mas afinal não...

Era verdade...

Deixou-me o coração nas mãos... e uma saudade no peito que não sei se conseguirá morrer...quando eu pregar esta partida a quem amo e muito quero...

Amo-te minha querida mãe...

Custódio Cruz