sábado, 12 de junho de 2010
A sonhar com a nossa Figueira da Foz ( capítulo lll )
Amanheceu...
Por ali estava eu no jardim da minha infância...onde ainda há o chilrear de alguns passaritos...ou o esvoaçar de pombas madrugadoras...
Já não é o que era...mas pode ser que um dia volte a ser!..
Sentei-me...aproveitando o contraponto da curva propositada daquele banco de madeira...abri os braços com vigor e enchi os pulmões de um ar fresco e com cheirinho a sal...naquele aroma que é só nosso...e da nossa querida Figueira...
Resolvi iniciar uma volta grande...que de manhã à noite fizesse o reencontro já tantas vezes vividos nos cantos e recantos do bairro novo...
Aos primeiros passos encontro 118 anos de história...numa sala onde a tradição ainda é o que era...composta naquela delícia histórica de uma arquitectura de ferro...e conjugada na filosofia de espaço aberto onde os sons não têm limites obstrutivos...
Mas o Mercado Engenheiro Silva vale pelo seu todo...e principalmente pela riqueza cultural que existe nas pessoas que lá trabalham e também naquelas que o visitam...
De norte a sul...entre portugueses e estrangeiros...por ali se espalha um mar de gente multifacetada culturalmente...mas que num mágico e precioso toque se enriquecem representando apenas aquilo que são...e não aquilo que "outros querem programar" para o sublime acto de fazer compras...sem poder conjugar a essência da comunicação enquanto um bem...que não pode viver sem um meio adequado...
No mercado da figueira existem mais as razões do coração...e menos a matemática ou o raciocínio lógico da frieza do marketing exclusivamente comercial...previligiam-se os valores das pessoas...expressos nos gestos,nas atitudes,nos conceitos puros e de reacção espontânea...que marcam a diferença para um ponto de encontro preferêncial...em todos anos,em todos os dias,a todas as horas e a todos os minutos...
Assim, dou por mim "perdido" neste enredo de encanto do mercado da figueira...e já no seu interior deixo-me embalar por aquele cheiro a povo...onde só o apregoar da peixeira ultrapassa aquele broá colectivo que se estende como espuma do mar...e que é feito de remoinhos em ritmos tão belos quanto avassaladores e estonteantes...escolhendo aquele espaço na forma previligiada de uma verdadeira e única sala de visitas do concelho da Figueira da Foz...
Por três portas podia sair e por uma delas optei...caminhando na tal volta grande...outro sonho depois contarei...
Fiquem bem...