Até podem ter,
mas têm que disfarçar muito bem.
E até podem tentar,
mas têm que "se preparar" muito mal.
Até podem mesmo sonhar,
mas têm que se enganar a si próprios.
O tempo passa e cansam-se,
deixam de ter pachorra para lidar com o vício,
sentem-se solitários no meio da podridão,
e recusam destinos que não são os seus.
Com o mesmo sorriso que entraram,
encontram a porta de saída,
com as mesmas linhas com que sempre viveram,
abandonam túneis sinuosos sem procurar o seu final.
Convictos e serenos,
voltam a ouvir o sopro das palavras articuladas com a seriedade,
num reflexo espontâneo,
deixam-se transportar pela adrenalina da liberdade.
Olham à sua volta,
e sentem a felicidade do voltar a lidar com a diferença,
aquela diferença
que convictamente me faz manter a admiração e o respeito que tenho
e sempre tive por Vítor Coelho.
Custódio Cruz