Afastei-me do futebol,ainda não sei bem se definitivamente ou se num intervalo que já estando a tornar-se muito longo,e por aquilo que me conheço, pode mesmo levar-me ao abandono enquanto protagonista seja em que âmbito for.
Faço menção a este facto,apenas com o intuito de reforçar que ao falar de afastamento nunca o pode ser como sinónimo de não mais o sentir no sangue,na pele,no coração,e por essa simples razão deixar alguma vez de desfrutar de uma estado de alma que me invade de corpo inteiro, sem que perceba onde fui buscar este tão terrível quanto maravilhoso espaço de emoções em cada vez que uma bola salta e os jogadores se "insinuam" em seu torno.
Longe dos estádios,longe dos relvados,longe da comunicação social,e porque ando no meio do povo,é agora muito mais natural ser incentivado para estar atento a um evento desta natureza,do que em outros tempos,que estando mais por dentro,tinha como certa a libertação em algo que se não sabia de cor e salteado era apenas porque ninguém o pode saber,já que o sentido imprevisível desta modalidade é um perfeito "quebra cabeças" para explicações exactas quanto à matemática das coisas.
De qualquer forma e ainda assim,fui vendo aqui e ali a realidade competitiva de um Benfica em que nesta época 2012/2013,tudo levava a querer poder concretizar sonhos que mais prestígio pudesse ilustrar numa enorme enciclopédia de conquistas que o fazem ser respeitado em Portugal,na Europa e no Mundo.
Depois dos "encarnados" se terem "ajoelhado" no campeonato nacional e em pleno estádio do Dragão,ficando agora dependentes quase de um milagre para chegarem ao título,havia no entanto que acreditar que não há dois jogos iguais, e perante o Chelsea na prestigiada final da Liga Europa a história pudesse ser bem outra,e de forma a conquistar honras e proveitos que poderiam por um lado salvar uma época para os Benfiquistas,e por outro assegurar o orgulho nacional numa Europa onde cada vez mais olham para nós como uns coitadinhos,onde também "outro tipo de jogos" nos fazem andar tristes e descrentes com a vida.
Liguei a TV em casa,sintonizei a SIC,deixei as luzes ás escuras,e fiz-me acompanhar de um silêncio só interrompido pelas incidências do Jogo,e onde a primeira nota de destaque ia para a "goleada" que os portugueses davam nas bancadas com o seu entusiasmo vibrante sobre ingleses surpreendentemente pouco galvanizados,e que até exibiam tarjas a pedir o Mourinho para a próxima época,ainda que tendo também outro treinador no banco naquela ocasião,e como não podia deixar de ser não merecia aquele desrespeito.
Enfim,apresentavam-se dois clubes com estados de espírito muito diferentes,e isso reflectiu-se no comportamento psicológico e táctico de uma e outra equipa.
Incrédulo fiquei com tanta qualidade jogo do Benfica,uma segurança tremenda na circulação da bola,uma predisposição tão criativa na construção de jogo,que muito facilmente a redondinha chegava controlada a zonas de concretização,e aqui é que estava a pecha perfeitamente inesperada para tanta personalidade demonstrada em jogo.
Contrariamente ao que muitos dizem agora,não se tratava de precipitação no momento do remate,mas antes sim "excessos de confiança",onde certezas alimentavam jogadas de sonho que só podem surgir sem que se dê por estas,e não querer construí-las com tantos floreados e a seu belo prazer.
Digamos que é o reverso de uma medalha de quem está a sentir uma final à campeão, e que também sente que tem pela frente um adversário acantonado no seu ultimo terço defensivo,e que só investe na frente em Lampard e pouco mais de engenho e arte.
Benitez,o treinador do Chelsea apresenta uma equipa à sua imagem,à imagem de quem começa uma final Europeia e lhe pedem que vá embora para ir buscar alguém que dê prazer aos ingleses de ver futebol de estádio emocional motivante,e capaz de justificar a ida e a volta de apaixonados e exigentes pelo espectáculo como o são os ingleses.
Mesmo que eu quisesse valorizar a segunda metade do Chelsea,e quiçá justificar como uma estratégia inteligente a adoptada,até porque o seu contra-ataque se tornou venenoso,prefiro começar por mencionar as declarações de Benitez no princípio do jogo e no final,quando evidenciava temores na hipótese de o Benfica durante o jogo conseguir marcar primeiro.
Mister Benitez,essas declarações no princípio nem foram sagacidade estratégica no discurso de antevisão,pois viu-se claramente que a sua equipa só sabia jogar de uma forma, e nunca seria capaz de assumir o jogo,ditas no final,são um acto de humildade de um treinador que tem uma grande equipa e excelentes jogadores,e nunca a soube colocar a jogar com outro tipo de atitude resposta às incidências de um jogo durante toda a época.
Aqui também a minha crítica vai para o Benfica,pois ao invés e depois do golo do empate,parecia que iriam controlar o desafio para o prolongamento,mas na verdade não recuaram nas suas intenções filosóficas de conseguir um golo ainda antes.
O golo do Chelsea é típico e vem de longe,naqueles momentos finais do jogo não se podia dar as linhas aos ingleses,mas como a equipa portuguesa investia no "sonho antecipado",deixou que se fizesse um ultimo cruzamento,onde em Inglaterra qualquer jogador é especialista,até "aquele minorca" que concretizou o segundo golo e nem me lembro do nome,que com uns "passos de dança britânica" de sequência a um belo cruzamento e anichou a bola lá no fundo das redes,mesmo que entre enormes monstros físicos que se deixaram perturbar psicologicamente naqueles instantes finais.
Meus amigos,o Benfica foi grande,mas os grandes também falham,e se hoje não é Campeão da Europa a si o deve,o Chelsea fez a sua obrigação,aproveitar os tais "excessos de confiança",e assim levou a Taça para casa,transformando este meu texto em perfeita conversa fiada daqui a uns tempos,pois as memórias são curtas e os Títulos é que fazem a história.
Por fim,será de crucificar um treinador que apesar de ter um discurso tacanho,soube colocar o Benfica a jogar desta maneira?
Creio que não,embora entenda e perceba que ser-se treinador de um clube desta dimensão em países latinos como o nosso, e onde a mentalidade não é menos "tacanha" do que a do Jesus,só um Deus maior tinha paciência para aturar a a pressão psicológica sobre um treinador que apesar de tudo perdeu também tudo no final da época.
Olhem,se o Pinto da Costa não estiver a ficar senil,admirem-se que arranje um contrato(zito) para o Vitor Pereira para um clube Europeu,lhe ofereça uns patins e vá buscar o Jesus.
Parece utopia não parece,pois,mas do rei Dragão e nem que seja só para descredibilizar o Vieira, é ele bem capaz de o fazer e até muito mais.
Sim por isso mesmo,porque o Vitor Pereira é uma espécie de Chelsea,vulgar,vulgaríssimo,mas feliz por ser o treinador do FCP.
Custódio Cruz