Afinal a vida foi,é...e será sempre um desafio na sequência sólida de percorrer caminhos que se ajustem à reflexão equilibrada e tolerante, onde os projetos nunca acabem, e se definam cada vez mais naquilo que queremos ser, e não no que os outros querem que nós sejamos...
Perceber que refletir e concluir são atos que não podem estar confinados apenas ao reflexo daquilo que experimentamos sozinhos, ou obcecadamente vemos nos outros,caindo assim na tentação de criar verdades absolutas agarradas a pressupostos com falta de equilíbrio identificativo da nossa própria vontade...
Não podemos nem devemos querer para os outros aquilo que foram momentos nossos,e ajustados apenas e só para nós próprios...
Fazer crescer é educar e tentar ser amigo,é procurar limar com valores acrescentados os passos próprios de uma imaturidade pela qual quando jovens naturalmente passamos,e ou se está bem atento,ou então ficamos apenas por nossa conta,e isso pode ser muito perigoso...
Sinto sinceramente que os "meus" me olham com a admiração de quem foi livre de escolher o seu próprio caminho,com responsabilidade e dispensando cópias comportamentais,mas entendendo que a partir de uma "base experimentada" também podemos ramificar genuinamente o nosso próprio"eu"...
Só se vive uma vez,e tirar originalidade a um ser,é limitar as emoções que estavam reservadas para cada um,e isso eu penso que não é justo...

Custódio Cruz

Aprender com a nossa sombra,e fixar os olhos em outras...

Aprender com a nossa sombra,e fixar os olhos em outras...
"...No dia em que me silenciarem a voz,não me apagarão os gestos,no dia em que me aniquilarem os gestos,nunca farão esquecer os meus sentimentos..." CustCruz

quinta-feira, 2 de maio de 2013

O 1º de Maio,as palavras de ordem,o tractor e a criança...



Ele brinca descontraído,
afinal está tudo a preceito,
e as cores do seu tractor são mesmo iguais às palavras desenhadas na tarja preta.
A camisola,as calças,as sapatilhas e o boné,
 não foram decerto compradas na avenida da liberdade,
não tiveram a proveniência do glamour luxuoso da dita artéria da capital portuguesa,
e acredito mesmo piamente,
que não transportam as insígnias marcantes da Lanidor.
Certo certíssimo,
é que por ele "tasse" bem...
Até foram os papás que o levaram hoje ao jardim,
e então deparando-se com aquele estrado de madeira irregular por defeito, 
encontrou-lhe o efeito peculiar de que o seu tractor tanto gosta...
A certa altura perguntou à mãe.
Ó mãe,dás-me dinheiro para ir comprar pastilhas?
A que o pai responde prontamente :
Não filho,as pastilhas fazem mal aos dentes...
Ainda que não muito incomodado com aquela cor preta ali mesmo ao lado,
olhou para ela e achou-a decepcionante, 
assim tipo a resposta do seu progenitor.
A certa altura,
 estremeceu com aplausos protagonizados pelos adultos,
perante o espanto e a boa disposição momentânea dos presentes,
virou-se para o pai e investiu em outro desejo.
Ó pai,o que te cheira aqui no jardim?
São farturas filho,são farturas...
E disparou o miúdo prontamente :
Ó pai,quero uma fartura!
Rompendo o seu silêncio até ali,
diz-lhe a mãe :
Não filho,as farturas fazem mal à barriga...
O puto torce o nariz,
e começa a estranhar as respostas de quem ele tanto gosta
 e sabe que por amor tanto lhe querem...
Derrepente,
ouve gritar que a luta continua,
e ali mesmo ao lado, 
passa um casal muito bem aprontado.
No encalço destes,
outro miúdo vai deliciado num gelado que lhe faz criar água na boca...
Olha para a mãe,
e não tem tempo de articular mais do que o próprio gesto,
ela passa-lhe a mão pelos olhos,
temporiza,
faz-lhe cócegas na barriga, 
a que ele reage com uma enorme risada...
O pai olha distante e triste e fixa-se na tarja preta.
O menino segue-lhe os olhos,
e encanta-se de novo nas cores que são iguais às do seu tractor...
O garoto  do gelado ?
Sinceramente,
fiquei com a ideia que o "rapazinho do povo" dele nunca mais se lembrou...

Custódio Cruz