Afinal a vida foi,é...e será sempre um desafio na sequência sólida de percorrer caminhos que se ajustem à reflexão equilibrada e tolerante, onde os projetos nunca acabem, e se definam cada vez mais naquilo que queremos ser, e não no que os outros querem que nós sejamos...
Perceber que refletir e concluir são atos que não podem estar confinados apenas ao reflexo daquilo que experimentamos sozinhos, ou obcecadamente vemos nos outros,caindo assim na tentação de criar verdades absolutas agarradas a pressupostos com falta de equilíbrio identificativo da nossa própria vontade...
Não podemos nem devemos querer para os outros aquilo que foram momentos nossos,e ajustados apenas e só para nós próprios...
Fazer crescer é educar e tentar ser amigo,é procurar limar com valores acrescentados os passos próprios de uma imaturidade pela qual quando jovens naturalmente passamos,e ou se está bem atento,ou então ficamos apenas por nossa conta,e isso pode ser muito perigoso...
Sinto sinceramente que os "meus" me olham com a admiração de quem foi livre de escolher o seu próprio caminho,com responsabilidade e dispensando cópias comportamentais,mas entendendo que a partir de uma "base experimentada" também podemos ramificar genuinamente o nosso próprio"eu"...
Só se vive uma vez,e tirar originalidade a um ser,é limitar as emoções que estavam reservadas para cada um,e isso eu penso que não é justo...

Custódio Cruz

Aprender com a nossa sombra,e fixar os olhos em outras...

Aprender com a nossa sombra,e fixar os olhos em outras...
"...No dia em que me silenciarem a voz,não me apagarão os gestos,no dia em que me aniquilarem os gestos,nunca farão esquecer os meus sentimentos..." CustCruz

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Nas "máquinas do tempo" e sem nunca desligar do sonho...



É verdade...demorei por de mais a tirar a carta de condução de ligeiros...
Tinha as boleias dos amigos e não me assustava em palmilhar a pé ou de bicicleta um"triângulo de vida" que delimitava os horizontes de alguém pouco ambicioso, mas ainda assim envolvido num enorme mundo de sonho fantasioso e levado provavelmente aos limites inadequados...
Casa,loja e futebol...futebol,loja e casa...casa,futebol e loja...
Se queria "ir para perto" tinha "os pés à mão" ou a tal bicicleta...e assim pelo caminho dava entrevistas para o vazio,ensaiava discursos,comentava solitáriamente as imagens do mundo...e pronto...pouco mudava quando o queria fazer "para longe"...pois era só recorrer aos horários do comboio para Coimbra...saltar para a "carroça andante"e sentadinho que nem um "lorde" lia as últimas do Record ou de "A Bola" experimentando de seguida "as mesmas emoções" já aqui desenhadas e desta vez pelas janelas límpidas e transparentes de uma outra "máquina do tempo"mas com a enorme vantagem de ter as pernas em descanso...
Era só com o "coração" que vivia estas pequenas odisseias,era com emoções arrepiantes que nunca me cansava de ser feliz...até mesmo quando depois e já muito perto do fim da viagem,como que passando por breves brasas de cansaço daquela labuta...estremecia no estrondo combinado entre a velocidade nos carris e a entrada triunfante do comboio na Ponte de B Lares...
Saltava no banco e esticava as pernas com cuidado claro está(não me fosse dar alguma cãimbra),inspirava e expirava em plenos pulmões pois a seguir só já faltava a Fontela e o beijo emaranhado da maresia do mar que vazava na maré da estação da minha mais que adorada Figueira da Foz...
Pois é...não tinha carro!
Mas qual era o problema ?
Dava-me o "o sonho" os meios disponíveis e suficientes mesmo que não os mais eficazes,sentia-me feliz comigo mesmo o que era no fundo o que mais me importava...
Talvez "este" tenha sido o maior erro da minha vida...
Talvez...

O tempo passou e o desafio persistia...o senhor Hermínio não foi de modas e apostou comigo em como só não tirava a carta porque não tinha a "coragem de o fazer"...
Provocação feita...resposta dada...
Ao outro dia fui-me inscrever na Boa Viagem...paguei a totalidade da conta para me pressionar a mim próprio a não desistir apesar do muito trabalho que tinha com o futebol...passei pela mercearia do massagista Hermínio e mostrei-lhe a inscrição...ele sorriu e deu-me um grande abraço...
Passado pouco tempo fui ao exame da teoria e não falhei nenhuma resposta...e pouco mais "do que outro tempo" e logo à primeira mesmo deixando o carro ir a baixo uma vez, "dei um bigode ao meu conformismo" que talvez muito me tenha feito mal na vida...
É como digo...ainda hoje não tenho a certeza...mas também não será hoje que vos vou explicar porquê...
Até porque também não me apetece...
Passaram alguns dias e o "Gandarez" ligou para o meu telemóvel(um tijolo que me enchia o bolso...),e com o seu vozeirão "ordenava"que me apresentasse no seu escritório porque tinha que ir com ele à Tocha...
Bem...o tipo era o Presidente do clube e lá me apresentei ao outro dia para a curta viagem que nem eu sabia para que era...


Foi-me sondando pelo caminho e chegámos ao seu casarão...
Chegámos ao quintal e tenho a primeira surpresa do dia...aparece um porco pequenito(um leitão portanto...) a abanar o rabo para o dono...
Fiquei pasmado...e eu a pensar que só os cães é que faziam isso...
Ainda não refeito da primeira surpresa...aponta o homem do chapéu para um BMW preto e pergunta-me se lho quero comprar ?
Olhei para ele ainda mais pasmado e questionei-o como poderia eu cometer esse atrevimento?
Propôs-me um preço ainda mais barato que o da chuva que na altura caía mais vezes do que hoje...e que ainda assim o podia pagar em três prestações...
Chegámos a acordo facilmente...
e ele vira-se para mim e diz-me para levar já dali o carro antes que ele se arrepende-se...
Com a carta à pouco tempo e o "marmanjo"no meio do quintal a rir-se da minha "azelhice"...lá segui viagem para a Figueira mais ou menos entre os trinta e os quarenta kilometros à hora...
Então pois queriam o quê...derrepente tinha um BMW nas mãos que até era meu...e por isso havia que calcular a preservação do crescimento de um ego que tremia como varas verdes...
O pior foi ao cair da noite porque não sabia como ligar as luzes...lá fui de novo ao fundo das Abadias e perguntei-lhe como resolver este "grande problema"...
Como sempre eram as coisas simples que mais me atrapalhavam...
De novo com um sorriso "maganão"abriu a porta e apontou para um simples botão que afinal de contas se confundia no escuro da noite...e tudo porque de dia pouco me importei em acautelar o conhecimento da causa efeito...
Ainda hoje tenho saudades do meu velhinho BMW...que por me começar a "entrar de mais na carteira" o tive que trocar por uma outra oportunidade de uma outra"máquina do tempo"...

Estava no Café Brasil e entre "uma bica e uma nata", o senhor Armando tomou conta dos meus desabafos e preocupações pelas despesas da "Marca"...e disse-me se eu queria ficar com o seu exprimentado Fiat Uno...prometendo-me ele que gastaria muito menos combustível e que o motor estava uma máquina quase perfeita...
Voltei a acreditar "nas palavras e nos gestos" e não me saí nada mal...pois por menos de 500 euros fiquei com "esta bomba"(Fiat Uno) que já passou duas inspecções com distinção...só com o se não de já ter sido assaltado sete vezes...e de poderem fazer dele qualquer dia "uma bomba" para se verem livre de um gajo que não tem "papas na língua" e diz "não" a qualquer um desde que se justifique...
E sabem que mais ?
Ora tentem lá que eu mude para ver se têm sorte...
É que que é mesmo como costumo dizer,que nesta altura do campeonato só um "sorriso sincero me fará sorrir também"...
Não tenham dúvidas...e venham sempre aqui ver os meus "bonecos"...pois a mensagem é clara e sem temores...porque sinceramente estou farto de aturar sorrisos amadurecidos pela falsidade...
Bem...mas era das minhas "máquinas do tempo" que estávamos a falar...da minha falta da ambição material...do meu comodismo crónico...e dos meus sorrisos de felicidade constante e apesar de tudo...


Não sou normal pois não...a gente sabe...



Custódio Cruz