Tenho andado a conter-me em apreciações sobre a Naval,que ainda hoje sendo a minha principal paixão desportiva,me preenche as curiosidades de vida que à sua volta lhe possam determinar um futuro com um destino negro ou quem sabe ainda brilhante.
Indiscutívelmente,tudo o que vier a acontecer com a quarta colectividade mais antiga de Portugal,tem uma chancela personalizada numa só pessoa,e essa pessoa chama-se Aprígio Santos.
O meu relacionamento com este senhor,nunca mais se apagará da minha memória,e nem mesmo da minha história existencial.De mim, ele teve alguém que nunca o traiu,que acreditou nas suas filosofias,que o ouvia com atenção,mas que também não lhe mandava dizer nada por portas travessas,era na cara que o fazia quando discordava,aliás como sempre o fiz,o faço, e o farei sempre seja com quem quer que seja.
Sem me alongar em tantos episódios que por lá vivi,e isto já tantos anos depois de me ter afastado do clube,recordo-lhe um daqueles que até "meteram nojo",e muito pelo défice de hipocrisia de que faço uso quando quero e bem me apetece,quando numa Assembleia Geral,e já preocupado com a falta de desenvolvimentos sustentáveis na evolução estrutural do clube,me levantei, e erguendo gestos e palavras com ligação suficiente, o tentei sensibilizar ou quiçá até motivar para evitar a premunição de que um dia,das duas uma,ou seria lembrado neste clube centenário com uma enorme honra e glória,ou então,sem nem uma...nem outra.
Lembro-me do seu sorriso despreocupado,interpretei-o como um sinal de que a minha surpreendente "afronta de circunstância" só tinha servido para divertir a plateia,que por acaso ao tempo até era bem preenchida,e que sem aplaudir efusivamente,quem sabe se por constrangimentos antagónicas à minha forma de estar,baixaram a cabeça para as costas das cadeiras e abanaram o "S" de alto a baixo.
O tempo passou,e hoje não resisto a perguntar-lhe se ainda vai a tempo de contrariar os meus piores receios,que pelo andar da carruagem à beira estão de escrever uma última página carregada de amarguras e suplícios, que o transformarão a si próprio,e como lhe tinha dito na altura,no verdadeiro coveiro da Associação Naval 1º de Maio da Figueira da Foz.
Olhe,não escrevo este texto porque de alguma forma lhe queira mal,mesmo que muitos mo tenham feito e se tenham "escondido em máscaras" mais ou menos bem urdidas,e bem que saiba que o nível de alguns é um,mas tenho eu a certeza que o meu é outro,e até reconhecendo que também aprendi consigo,e por isso por exemplo ainda hoje volta e volta e meia, olho para as minhas calças e me certifico "se ainda são as mesmas do ano passado",e olhe,sabe que mais,cá me vou aguentando ainda que reconheça que se tivesse sido mais "esperto do que inteligente",o Génaro,o Rui Mendes,o Hugo Almeida e outros, podiam ter sido argumentos suficientemente fortes para me auto-valorizar,e assim quem sabe preencher melhor a minha conta bancária, e então comprar dois ou três pares de calças todos os anos.
Do coração desejo,que nada do que se afigura de mau para a Naval venha a concretizar-se,que em relação a si,consiga ter muita saúde,sorte e engenho para dar a volta a toda esta situação,que tudo corra bem, e este texto seja esquecido,regressando a paz à Naval de todos aqueles que lhe querem bem.
Custódio Cruz