Água Viva - José Alberto Ferreira
A civilização galga no tempo,numa vontade apressada de elevar o mundo para junto do céu,constroem -se novos caminhos,idealizam-se novas estruturas,concretizam-se sonhos com novos elementos feitos de planos para paisagens multifacetadas,e ainda que o espírito da história cada vez mais diluído seja pela ambição do homem,já o encanto da natureza é fiel no desafio de contrastar no modo e na forma que lhe escolherem como destino.
De "canto em canto", se complementam os "recantos" que a Figueira tem,e se os "caçadores de momentos" atentos andam a tudo o que os rodeia,José Alberto Ferreira escolheu como um dos seus referenciais olhares,os espelhos de "Água Viva",que reflectem no rigor tudo aquilo que lhe dão a observar,com uma mistura de sabores salgados solidificada à muito no "matrimónio" entre o Rio Mondego e o Atlântico "infiel" a um só amor...
Só com uma atitude silenciosa,José Alberto Ferreira soube captar os factos,as incidências,as precipitações,as reacções,as surpresas de um cenário ímpar onde se soltam "brilhos" tão diversos quanto conciliáveis na vontade com que cada alma os queira abordar.
Contagiado por um sol que por aqui não se vê,mas se revela,persegue aqueles "focos de luz" que rasgam sombras opostas à vontade daquela brisa quente e dourada,que se espalha e faz resplandecer ao longe a serra alongada,e ao perto faz cintilar as pequenas pirâmides de uma salina desenhada em encantos mil,desde os armazéns de sal para purificar,aos caminhos marcados por tantas vezes calcados por "rodopios" que em volta definiram rectângulos de vida que dava,e até talvez ainda dê para sustentar...
Por mais que se esconda o "doce sorriso" do pôr do sol,a sua magia é tal,que nos espelhos faz reflectir a ponte dobrada ao fundo de um rio que a "abraça" sem a destroçar,sem a descaractrizar,nem nunca deixar de a preservar, pela imponência presente e marcante no seio do seu próprio encanto.
Por entre cores feitas de verdade,ficaram a baloiçar "ervas vadias" entrelaçadas em silvas protectoras de margens que por ali estão ao Deus dará,numa mescla de um verde vivo,e de um "amarelo encantado",nos trouxe José Alberto Ferreira,a génese dos tons justificativos dos símbolos da nossa terra.
Brilhante.
Custódio Cruz.