Longa Brisa - Rui Santos
É no cruzamento de caminhos que o ser humano se depara com a multiplicidade do Mundo,alcançando os vértices distintos com que a vida alicerça as suas ilusões,e se une numa fusão de complementos onde o Homem e a Natureza fazem por colorir os seus destinos em uma dádiva que é mútua,e que por isso mesmo não pode viver uma sem a outra.
Quando uma das partes se desleixa,a outra tenta repor a criação de "brilhos" com que possa iludir a continuidade,revelando-se por vezes até soluções de um essência tão pura,quanto bela, na elaboração de uma mente sã e tocada pela simplicidade das coisas...
Rui Santos,trás-nos aquilo que por desprezado ter sido,se revitalizou por si próprio,impelido pela sedução de uma "Longa Brisa" foi galgando volumosos montes de areia solta,num esforço motivante de "colar" a sua objectiva àquelas espigas vadias que por ali estão aconchegadas num sol quente e dourado...
Cativou-se pela tentativa personalizada de "sacar" aquela dança uníssona que agora não se ouve,mas se percebe e sente nos movimentos sintonizados entre "sopros" moderados e calmos que nos fazem erguer a alma e redobrar o olhar à nossa volta.
Largou por momentos o "beijo do horizonte com o mar",mas não depreciou "o mergulho meigo" da Serra da Boa Viagem num Oceano do qual nunca por nunca esta se pode dissociar.
Encadeado por um sol limpo e transparente se deixou embalar em nuvens brancas que navegavam em direcção ao horizonte profundo,numa tarde calma e num dia de sonho,Rui Santos focou inesperadamente as lembranças de um registo agora exposto no Mercado da Figueira,e ao dispor de quem as quiser e souber desfrutar.
Custódio Cruz