Se à Figueira não lhe falta naquilo em que um todo pode distribuir em partes,são pequenos grandes cantos como este,onde o ser humano e a natureza se revelam como um dos mais fieis retratos de um encantamento que mistura a paz espiritual,a riqueza cultural e a singularidade de uma paisagem onde "as filhas do mar" se insinuam aos nossos olhos como "recanto" para a nossa mente.
Quem busca outros sentimentos para além dos que já tem,de outras emoções para além das que já guarda,pode saltar como Nestor Santos o fez,para um imaginário dos tempos que tanto têm ainda para nos dizer,e até revelar enquanto "algo" que se vai perdendo por quilo que se pensa que se ganha em empolgamentos alicerçados no lucro fácil,e menos na qualidade das "coisas"...
Os "caçadores de momentos",sempre podem fazer tanto como codificar mensagens,expressar sentimentos,revelar personalidades,expor escolhas,mas nunca resistem à procura encantada da originalidade,encarada na forma mais capaz de "tocar" sem aquilo que perfaz a soma de disparos banais,e assim conseguirem expor-se ao que sejam eles próprios a conseguir...
Nestor Santos,centrou a sua objectiva para um enfiamento de uma contextualidade mais aproximada do ser, e de um meio com um enquadramento específico,onde apesar de uma foto nunca conseguir falar,sempre se insinua em tudo aquilo o que a nossa interpretação possa recolher,ora de forma evidente,ora auxiliada no espírito criativo,e registos desta natureza são o que nesta imagem não faltam.
Acompanhar aqueles "pés descalços" por caminhos agrestes e salpicados de sal,num equilíbrio que só o corpo lhes dá e a rodilha ampara,são uma verdadeira aventura de deduções concretizadas pela nossa própria sensibilidade,que pode ou não ir ao encontro de quem melhor viveu o dado momento,mas não renega evidências para as quais aquele "rasgar de trilhos e pequenos horizontes",eram e são feitos de uma vida difícil,mesmo que por entre as distâncias calcadas,a"directriz dos silêncios",tivessem ajustado reflexões que ajudavam a esquecer os "espinhos",e a não falhar na missão para o qual aquele destino os tinha reservado.
Ao longo daqueles armazéns de sal,se deparam com valas "alagadas" em transparências de um habitat de vegetações e organismos esverdeados,e foi ali,que Nestor Santos colocou o ponto final no seu registo fotográfico,aproveitando as cores espelhadas pelo sol,fez reflectir uma "guerreira da vida" que em passo acelerado galgava para um final de mais um trajecto somado a outros que ainda haveria de percorrer...
No acréscimo de uma escolha de cores vivas e marcantes,se revela mais "um segredo" deste distinto canto à beira mar plantado...
Custódio Cruz