Cores e Maresia - Rui Paulo Gonçalves
Uma paixão pode ser enorme,mas como em outros estados emocionais,ao seu encanto sempre se expõe o "reverso da medalha",deixarmo-nos perder nas "estrelas" que definem a vida será o erro que nos afastará do verdadeiro "abraço",aquele que se sente,que se quer,e mais do que isso se deseja,e ao invés,aproximamo-nos da mentira,do fictício,e traindo os nossos mais genuínos desejos...
Nem pouco mais ou menos,Rui Paulo Gonçalves,a introdução que acabei agora mesmo de elaborar,e que penso transporta na audácia da opinião o mesmo cunho de "risco",neste caso interpretativo de uma antevisão negativista ao seu desempenho se vai reflectir de seguida,e pelo contrário,servirá de reforço às convicções expostas,pois nutro admiração sincera pelo quadro de vida que nos "deixou" nos 20 Olhares,20 Autores,e onde se revela marcante o apurado instinto que objectiva "alargar limites" para além da foto própriamente dita,e acrescentar-lhe como que a "ilusão dos olfactos",através é certo de "artifícios artísticos" que nem todos dominam,mas se entendem no resultado obtido por quem se aprumar como um observador atento, e num épice se possa sentir envolvido e também rodeado por cores e tonalidades misturadas com a água do mar,que exercitam a mente,e recordam na "insinuação" o verdadeiro cheiro a maresia.
Quem não arrisca,não avança na arte de comunicar,ainda que como já o referi atrás até se possa perder nas ilusões extremadas,o que não acontece nesta "tela fotográfica",porque Rui Paulo Gonçalves é fiel aos "momentos da vida",e para que o essencial da aposta tenha sido ganha,"deixou dançar" no leito calmo do rio Mondego as nuvens tão soltas quanto carregadas de uma beleza incrível,mesmo que "possuídas" por uma agressividade de ameaças notórias,e traduzidas na momentaneidade com que a qualquer segundo se pode rasgar do céu um qualquer raio fulminante,ou se precipitar em desconcerto com o sol os trovões arrepiantes contra a vontade de alguém que na presença daquele cenário contagiante tivesse mesmo que dali arredar pé...
Já em trânsito para outro "canto mais tranquilo" se pode acelerar na "Ponte dos Arcos",ascendendo de seguida de forma triunfante na ponte da Figueira,onde só se podem transportar recordações recentes daquele rio espelhado e colorido,onde os reflexos mergulham livremente nas profundezas de"uma alma negra"...
Respeitando a natureza "das coisas",mas desafiando a ilusão,conseguiu Rui Paulo Gonçalves "tocar" os limites,desta vez correu bem,da próxima logo veremos.
Parabéns.
Custódio Cruz