Afinal a vida foi,é...e será sempre um desafio na sequência sólida de percorrer caminhos que se ajustem à reflexão equilibrada e tolerante, onde os projetos nunca acabem, e se definam cada vez mais naquilo que queremos ser, e não no que os outros querem que nós sejamos...
Perceber que refletir e concluir são atos que não podem estar confinados apenas ao reflexo daquilo que experimentamos sozinhos, ou obcecadamente vemos nos outros,caindo assim na tentação de criar verdades absolutas agarradas a pressupostos com falta de equilíbrio identificativo da nossa própria vontade...
Não podemos nem devemos querer para os outros aquilo que foram momentos nossos,e ajustados apenas e só para nós próprios...
Fazer crescer é educar e tentar ser amigo,é procurar limar com valores acrescentados os passos próprios de uma imaturidade pela qual quando jovens naturalmente passamos,e ou se está bem atento,ou então ficamos apenas por nossa conta,e isso pode ser muito perigoso...
Sinto sinceramente que os "meus" me olham com a admiração de quem foi livre de escolher o seu próprio caminho,com responsabilidade e dispensando cópias comportamentais,mas entendendo que a partir de uma "base experimentada" também podemos ramificar genuinamente o nosso próprio"eu"...
Só se vive uma vez,e tirar originalidade a um ser,é limitar as emoções que estavam reservadas para cada um,e isso eu penso que não é justo...

Custódio Cruz

Aprender com a nossa sombra,e fixar os olhos em outras...

Aprender com a nossa sombra,e fixar os olhos em outras...
"...No dia em que me silenciarem a voz,não me apagarão os gestos,no dia em que me aniquilarem os gestos,nunca farão esquecer os meus sentimentos..." CustCruz

sábado, 26 de outubro de 2013

No "meio" do drama da embarcação do Jesus dos Navegantes...



Parece fácil mas não é,e para quem lá "anda" sabe quase tudo sobre esta absoluta verdade,sabe,mas gere as suas emoções na persistência do seu e dos seus sustentos,e até que mesmo que avisados uma vez,não há volta a dar-lhe,a sedução é grande,mas mais do que isso a necessidade ainda é maior...
Chegou ao fim a história da embarcação Jesus dos Navegantes,terá terminado a "missão" nesta vida de três bravos pescadores,sobreviveram cinco "teimosos" que um dia destes o mais certo é continuarem a desafiar os contra balanços de um mar que sabe como que ninguém embalar o espírito e afundar o corpo.
No meio dos dramas,e para além de quem os vive na pele,também os à que"caiem como eu caí" nesta triste incidência com o alerta de movimentos estranhos à beira rio,em cantos que conheço muito bem lá me deparei com o "veneno do diabo" a entranhar-se em "momentos" onde a luta é clara entre o bem e o mal...
O salva vidas "Mestre Macatrão" adornou o cais mesmo em frente aos meus olhos,e logo ali me pareceu pouco dado a recreios de vida numa marina que por isso mesmo não podia ter sido feita só com essa intenção,de dentro para fora surgiram de súbito entre passos ainda "estonteantes" quatro desesperados e incrédulos sobreviventes de uma viagem que tinha começado no desejo de uma labuta de vida,e acabou entre ondas de arrepios ameaçadores de morte,na mistura aflita de todos os que por ali chegavam em auxílio ou em solidariedade presente,envolveram-se sirenes e luzes intermitentes de ambulâncias que mais aceleravam "os pulsos" de quem também de vida é feito,e o senso adquiriu nos bons valores que a Deus atribuem.
Orientando dois passos que não impedissem o destino da operacionalidade,fixei os olhos em cada movimento,em cada reacção,em cada sofrimento,em cada lágrima inconformada daqueles que agora sonhavam que um dos seus colegas de aventura conseguisse responder aos "apelos vigorosos" dos auxiliares de acção médica,que jamais desistiram na transformação de um não,em um sim do tamanho do mundo.
Por mim assumo em silêncio duas orações em nome de Deus,para que o fim "daqueles guerreiros" se arvorá-se na força da fé que tantos hoje precisam para continuar a acreditar que aquele sol escondido entre nuvens e àquela hora do incidente ainda fosse a tempo de protagonizar a face doce da salvação.
O "Mestre Macatrão" já tinha abalado de novo em busca das "almas" perdidas,perante um "mar de gente" expectante e ansiosa ninguém arredou pé no alimento de uma leve esperança que antes do pôr do sol outros raios cintilantes iluminassem os três salvamentos improváveis.
 foto PAULO NOVAIS/LUSA
Mas a noite caiu,um dos sobreviventes estava por confirmar,o salva vidas e a mota de água regressavam solitários dos desejos capazes,introspectivo regressei a casa,corri para o site Figueira na Hora na última esperança de saber o que tinha acontecido com último lutador que chegou a terra firme,e ao que tudo parecia indicar,nem com o meu apelo divino se poderia sorrir um pouco que fosse,e sendo assim,aconcheguei-me num manto frio de emoções e enrolei-me nos sons cadenciados e mórbidos daquele helicópetro que sobrevoava a praia de S.Pedro,com uma luz de um foco intenso lá ficou na procura de que o mar por "piedade"de quem por cá está,devolvesse os "filhos" a quem pertencem.

foto Figueira na Hora

Feita uma pausa para um alimento pouco apetecido,nunca me desliguei da dor que àquela hora deveria estar a tomar conta das famílias destroçadas por duas vagas seguidas de um mar ingrato para com quem o ama de coração,voltei-me de novo para o mundo cibernético e pulei impulsionado pela emoção,afinal a notícia ilustrava agora mais uma cor feita de uma esperança "desenhada" de cá para lá...

Actualização do naufrágio: depois de alguma informação contraditória, um dos pescadores que havia sido dado como morto, afinal encontra-se medicamente estabilizado.

Prosseguem as buscas pelos restantes tripulantes.

A embarcação Jesus dos Navegantes jamais fará o trajecto de regresso ao rio Mondego,os três tripulantes desaparecidos são a dor lancinante de mais um triste destino tantas vezes repetido,
sobram alguns sorrisos pelos que ficaram,e pela fé com que mais uma salvação pouco prevista poderá ser um sinal de paz para os que partiram...

Custódio Cruz